Depois de dois dias de visita à cidade de Coimbra, seguimos para a Serra da Lousã à procura da tranquilidade que a natureza proporciona e à descoberta das tão famosas Aldeias de Xisto.

A Serra da Lousã situa-se em Portugal Continental e, juntamente com a Serra do Açor e a Serra da Estrela, integra a Cordilheira Central que também pertence ao Sistema Montejunto-Estrela. Situada na transição do distrito de Coimbra para o distrito de Leiria, abrange os concelhos de Lousã, Góis, Castanheira de Pêra, Miranda do Corvo e Figueiró dos Vinhos.

São 12 as Aldeias de Xisto da Serra da Lousã: Aigra Nova, Aigra Velha, Casal de São Simão, Chiqueiro, Comareira, Ferraria de São João, Gondramaz, Pena, Casal Novo, Talasnal, Candal e Cerdeira. Sem tempo para visitar todas, ficámos pelas quatro últimas.

Como é nosso hábito, chegámos cedo à Lousã e embrenhámo-nos na serra, sombreada por sobreiros, carvalhos, castanheiros e pinheiros, em direcção às Aldeias de Xisto.

A estrada é boa e, talvez por sorte, fizemos o percurso quase sem nos cruzarmos com outros carros, proporcionando-nos momentos de autêntica paz. Pelo caminho fomos absorvendo o silêncio, a frescura e os aromas da serra.

Com breves paragens pelo caminho, para admirar as paisagens dos miradouros, chegámos à aldeia do Casal Novo.


O Casal Novo é uma aldeia pequenina, mas está recheada de pitorescos detalhes e oferece vista panorâmica sobre a vila e o castelo da Lousã. Tome o seu tempo, cada recanto é uma preciosidade.

Não tem habitação permanente, mas se gosta de tranquilidade e isolamento tem algumas casas disponíveis para alojamento local.

Seguindo tranquilamente pela estrada, chegámos ao Talasnal, a mais conhecida e representativa de todas as aldeias da Serra da Lousã.

Também não tem habitantes permanentes, mas a recuperação da aldeia é visível e mantém casas de segunda habitação, alojamento local e alguns serviços de restauração e venda de artesanato.


Seguimos pela rua principal, que acompanha o declive da encosta, à descoberta dos becos e ruelas que vão aparecendo e admirando os detalhes de cada casa e cada recanto.


O almoço foi na “Ti Lena”, o restaurante mais conhecido das Aldeias de Xisto da Serra da Lousã. O espaço é muito pequeno e, por isso, é aconselhável fazer reserva com bastante antecedência ou corre o risco de não ter mesa (Reservas: D. Lisete Dias, 911 932 942).


Depois do almoço partimos novamente para a estrada. No caminho surgiu a placa a indicar “Trevim” e lá fomos nós à procura do Baloiço do Trevim, sem saber que iríamos ao encontro da nossa maior aventura na Serra da Lousã.

A Serra da Lousã tem 1205 metros de altura e, a meio caminho, ao mesmo tempo que mergulhávamos num cerrado nevoeiro, a estrada desaparecia transformando-se num monte de pedras e buracos do tamanho de crateras.

Soubemos que estávamos no topo da serra ao avistarmos, através do denso nevoeiro, as enormes eólicas. E o baloiço? Nem vê-lo…

Desiludidas, depois de quilómetros aos saltos sobre pedras e buracos, resolvemos voltar para trás e, eis que por um acaso, parámos numa clareira e descobrimos o baloiço.

Devido ao denso nevoeiro que de vez em quando aliviava um pouco, não desfrutámos da paisagem como gostaríamos. Apesar de tudo, valeu a pena. A boa noticia é que parece que a estrada para o alto de Trevim já foi arranjada.

Depois da descida e já com um sol radioso, chegámos à aldeia do Candal situada mesmo à beira da estrada nacional que liga a Lousã a Castanheira de Pêra.

A aldeia é habitada e é frequentemente procurada por visitantes para estadias de férias e fins-de-semana que nos dias quentes se podem refrescar na Ribeira do Candal transformada, no ano 2000, em piscina natural.

Se subir até ao topo encontrará um miradouro com vista panorâmica para a serra, mas prepare-se para subir muitas escadas.



Novamente na estrada chegámos à Cerdeira, a última aldeia que visitámos. Atravessámos a pequena ponte sobre o regato e fomos descendo pelas ruelas.


Este é um espaço de encontro para artistas que aqui dispõem de alojamento preparado para estadias de longa duração. Participam em workshops e desfrutam das infraestruturas de apoio como a Casa das Artes, os ateliers, a Biblioteca, a Galeria, o Forno comunitário e o Café da Videira.


Com o tempo que tínhamos, só visitámos quatro aldeias, mas foi o suficiente para ficarmos com uma ideia das maravilhas que o homem foi capaz de fazer aproveitando um dos principais recursos naturais da serra: o xisto.

O dia já ia longo e seguimos para a vila da Lousã. No caminho uma paragem no miradouro de N.ª Sr.ª da Piedade com vista panorâmica para o Santuário com o mesmo nome e para o Castelo de Arouce.

Ficámos alojadas, por uma noite, no Palácio da Lousã Boutique Hotel. O hotel está instalado no Palácio dos Salazares, um edifício brasonado, também conhecido por Palácio da Viscondessa do Espinhal.


Serviu de moradia à Viscondessa e a notáveis da vila e o seu interior é merecedor de visita detalhada para quem está alojado.



Depois do jantar, foi tempo para uma visita à vila onde se destacam a Capela da Misericórdia, a Igreja Matriz, o edifício dos Passos do Concelho e o Ecomuseu da Serra da Lousã.


A Lousã é uma vila no distrito de Coimbra, constituída por seis freguesias: Casal de Ermio, Foz de Arouce, Gândaras, Lousã, Serpins e Vilarinho. É frequentemente escolhida para pernoita dos muitos visitantes da Serra da Lousã. Conta com hotéis, alojamento local e uma Pousada da Juventude. Nas suas ruas encontrámos restaurantes, bares e também uma loja de venda de artesanato e produtos locais quase em frente ao hotel.

No dia seguinte, depois de um pequeno almoço de príncipes, voltámos à serra para visitar o complexo da Nossa Senhora da Piedade formado pelo Santuário com o mesmo nome, o Castelo de Arouce e a praia fluvial.

O Castelo de Arouce, também conhecido por Castelo da Lousã, data do século XI e pertence a uma das primeiras linhas defensivas criadas para controlar os acessos meridionais a Coimbra. Vale a pena subir às ameias de onde se tem vista panorâmica para o Santuário, praia fluvial e Serra da Lousã.

Saindo do castelo encontramos o Posto de Turismo e do outro lado da estrada a Capela Senhora dos Aflitos que também pertence ao Santuário.

Descemos para a praia fluvial da Nossa Senhora da Piedade, localizada na ribeira de S. João. O espaço está classificado com bandeira azul, tem nadador salvador, posto de socorros e infraestruturas de apoio como um bar, um restaurante, zona de merendas e balneários.

Uma piscina natural menos profunda permite segurança para as crianças e tem condições de acesso a pessoas com mobilidade reduzida.

Começámos, então, a subida do Santuário da Nossa Senhora da Piedade. Apesar de ser íngreme, o caminho não se torna difícil por tanto que há para explorar e pelas deslumbrantes paisagens para a serra. A meio caminho também encontra sanitários.


A escadaria é toda feita em xisto e antes de chegar ao topo passamos pela Capela de S. João, a única visitável, e pela Capela Senhor da Agonia.

Por fim chegamos à Capela da Nossa Senhora da Piedade rodeada por um miradouro em 360º onde é possível ver os trilhos dos caminhantes e todo o espaço envolvente da serra.

Descemos para almoçar no restaurante “O Burgo”. Fizemos reserva uma semana antes (tel.: 239 991 162) e ainda bem porque antes de abrir já tinha a indicação de esgotado.

Foi uma experiência magnifica, quer pela decoração do espaço interior e suas vistas, quer pela comida que estava divinal. Escolhemos um prato de degustação que nos permitiu conhecer os vários sabores da comida típica da região.

Depois do almoço, seguindo a sugestão dada no Posto de Turismo, onde fomos muito bem recebidas, seguimos para visita às praias fluviais da Bogueira e da Nossa Senhora da Graça, ambas localizadas no rio Ceira com nascente na Serra do Açor.

Tivemos que voltar à Lousã para apanhar a N236 e na terceira rotunda aparece a indicação para Casal do Ermio. Depois é só seguir as placas.

A Praia Fluvial da Bogueira fica localizada no Casal do Ermio a 10 minutos da Lousã. Foi distinguida com bandeira azul e é acessível desde a época balnear de 2006. Tem nadador salvador e infraestruturas de apoio aos visitantes como balneários, piscina fluvial para as crianças, bar e zona de piquenique.

Seguindo na mesma estrada em direcção a Serpins, chegamos à Praia Fluvial da Nossa Senhora da Graça, inaugurada em 1996. Atravessámos a estreita ponte e encontramos um espaçoso parque de estacionamento.

A piscina natural principal é destinada para os adultos existindo outra para as crianças. A praia, distinguida com bandeira azul, tem balneários, nadador salvador e durante a época balnear tem disponível o aluguer de canoas e barcos. É acessível a pessoas com mobilidade reduzida.

Numa das margens existe um grande relvado e bar com esplanada e, junto à piscina infantil, uma zona de piqueniques. O espaço ideal para se passar um dia fresco e tranquilo.

Demos por terminada a nossa visita à serra da Lousã e, já cheias de saudades, começámos o regresso a Lisboa. De coração cheio e alma lavada podemos dizer:
“Isto é Lousã”

♥ Boa viagem ♥
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One thought on “Roteiro de dois dias na Serra da Lousã – Aldeias de Xisto, Santuário da Nossa Senhora da Piedade e praias fluviais”