Já foi a mais importante linha de defesa da Nação e, como não podia deixar de ser, fomos fazer-lhe uma visita. Nascida à beira do Rio Guadiana e a apenas 8km da fronteira espanhola, a cidade raiana de Elvas fica localizada na
província alentejana e no distrito de Portalegre, a aproximadamente 200 km de Lisboa. Conquistada aos mouros em 1166, só seria integrada em território português em 1229 durante o reinado de D. Sancho II. Em 1513 e já com D. Manuel I no trono de Portugal, foi elevada à categoria de cidade.

No dia 14 de Janeiro de 1659 as suas muralhas e o forte de Santa Luzia tiveram um papel defensivo e decisivo na Batalha das Linhas de Elvas, durante a qual os portugueses conseguiram uma esmagadora vitória sobre os espanhóis. O grande conjunto de 10km de fortificações e baluartes, considerado o maior do mundo, mereceu da UNESCO o título de Património Mundial em 2012. Neste contexto estão também englobados os fortes da Graça e de Santa Luzia e ainda o Aqueduto da Amoreira.

Como chegámos à cidade de manhã cedo, fomos logo fazer uma visita ao Mercado Municipal (antiga Casa das Barcas). Este edifício do século XVIII servia para construir e armazenar as barcas usadas pelos militares para atravessar a fronteira nos rios Caia e Guadiana. O mercado, onde se vendem vários produtos regionais, funciona todos os dias entre as 7h e as 13h e encerra ao domingo.



Seguindo a muralha e no ponto mais alto da cidade encontra-se o castelo construído no século XIII, mas que sofreu várias modificações ao longo do tempo. Foi palco de grandes acontecimentos da História de Portugal como assinatura de tratados de paz e casamentos reais. Em 1906 foi-lhe concedido o título de Primeiro Monumento Nacional Português. Está aberto todos os dias das 9h30 às 13h e das 14h às 17h30. Encerra à segunda-feira. Ao lado do castelo espreitámos o Cemitério dos Ingleses criado no início do século XIX para sepultar os nossos aliados ingleses que, sendo anglicanos, não podiam ser enterrados nas igrejas da cidade.


Pelo caminho entrámos na Fábrica de Ameixas de Elvas que, desde a sua fundação em 1919, mantém o processo de fabrico artesanal dos conventos, assim como a receita original de como conservar em açúcar as ameixas dos pomares da região. As visitas podem ser feitas todos os dias das 10h às 17h.



Na descida não deixem de entrar na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco datada do século XVIII e com a sua capela-mor e laterais forradas a ouro! Os belos painéis de azulejos que correm as paredes contam a história de vida de São Francisco de Assis. A igreja está aberta todos os dias entre as 10h e as 18h e encerra ao domingo.



Passando pelo Arco do Miradeiro, construção árabe do século XIII, é de todo o interesse percorrer a florida Rua das Beatas, uma das mais bonitas de Elvas. Chegadas ao Largo de Santa Clara, contemplamos o arco com o mesmo nome ou Porta de Tempre datada do século XIX. O Pelourinho que domina o centro da praça foi erigido em 1940. O original, construído no século XVI, foi destruído em 1872. O monumento era usado para pendurar as cabeças dos condenados para dissuadir quem pensasse cometer ilegalidades!



Continuando chegamos à Praça da República dominada pela Igreja de Nossa Senhora da Assunção – a antiga Sé. A principal igreja de Elvas foi construída no século XVI pelo arquiteto Francisco de Arruda que também foi responsável pela obra do Aqueduto da Amoreira. No seu interior evidencia-se a riqueza do mármore de várias cores e o soberbo órgão. Nomeada Sé de Elvas em 1570, perdeu o seu título em 1881 por extinção da Sede Episcopal. No exterior destaca-se o portal neoclássico. Abre todos os dias das 10h às 12h e das 14h às 17h. No Verão o horário vai até às 18h e encerra à segunda-feira.



O Posto de Turismo, facilmente identificado pela sua majestosa entrada em mármore, ocupa um edifício do século XVI. Ao lado fica a Casa da Cultura com a sua galeria em arcos, que recebe eventos culturais e exposições temporárias. Passando pelo Museu de Arte Contemporânea, chegamos à Torre Fernandina. De origem árabe, a torre foi alvo de melhorias no reinado de D. Fernando, daí o seu nome. Chegou a ser usada como prisão. Pode subir à torre todos os dias entre as 9h e as 17h para apreciar uma bonita vista sobre a cidade. Encerra ao domingo.



Continuando a jornada pelas ruas de Elvas, passamos pelo Arco do Bispo e damos por nós no Jardim das Laranjeiras… e que belas laranjas comemos por lá! Voltámos a subir e passámos no Quartel dos Artilheiros construído para albergar os soldados que vieram para defender a cidade depois da Restauração da Independência em 1 de Dezembro de 1640.




Chegámos então à Porta da Esquina sobre a qual foi construída a bonita Ermida de Nossa Senhora da Conceição datada do século XVII, para pedir proteção divina para as muralhas de Elvas. Ao lado da capela está o paiol construído na mesma altura para armazenar munições militares. Neste local, no Miradouro da Esquina, pode-se admirar um bonito pôr-do-sol sobre a cidade e o Aqueduto da Amoreira.




A imponente Porta de Olivença é decorada com motivos bélicos e foi erigida no reinado de D. João II para simbolizar os triunfos das tropas portuguesas sobre as espanholas. O Convento de São Domingos empresta o seu nome ao largo onde foi construído em 1267 e é uma obra de arquitetura gótica que merece uma visita. As suas três naves assim como as capelas, estão ornamentadas com mármores e talhas douradas. Recebe os visitantes de segunda a sexta-feira das 9h às 17h. Ao sábado abre às 17h30 apenas para a missa e encerra ao domingo.





Ao lado, o Museu Militar de Elvas é de visita obrigatória. Inaugurado em 2009, este museu oferece uma mostra de armamento coletivo e pesado do exército português, viaturas, arreios, hipomóveis e transmissões militares. Dá a conhecer a história do serviço de saúde do exército e dos dotes musicais dos soldados. Também aqui é abordada a forma como foram introduzidos os testes psicológicos com vista à seleção de pessoal. O museu está patente ao público todos os dias das 9h às 12h30 e das 14h30 às 17h30. No Verão, o horário é extensível até às 19h e encerra à segunda-feira. O ingresso custa 3€ e ao domingo de manhã é gratuito.






O Aqueduto da Amoreira é uma construção gigantesca iniciada no século XV. Com 12380 metros de extensão e 843 arcos, esta estrutura forneceu água à cidade até ao século XIX. Com receio que o inimigo se lembrasse de cortar a água, foi construída no seu interior uma cisterna com 56 metros de comprimento por 5 metros de largura e 8 metros de altura para reserva desse bem tão precioso. Esta cisterna continua a abastecer a cidade em tempo de seca.


Fora das muralhas, fomos visitar o Forte de Santa Luzia com uma planta retangular e 4 baluartes. Com o seu formato em estrela, pode gabar-se de ter cumprido a sua missão nunca tendo sido tomado pelo inimigo, apesar de ter sido alvo de vários ataques. Ao centro tem o fortim de onde se eleva a casa do Governador. No seu interior está patente uma pequena exposição de armas e fardamentas militares. Esta fortaleza abre todos os dias entre as 10h e as 17h e no Verão encerra às 18h. O ingresso custa 3€.


Situado na colina mais alta da zona, o Forte da Graça é uma obra-prima da arquitetura militar europeia do século XVIII. A porta principal, Porta do Dragão, é de uma beleza fora de série para a época! A visita desenrola-se em volta das muralhas e através do cruzamento de corredores do reduto central até chegar ao terraço da casa do Governador, o ponto mais alto, de onde se conseguem vistas panorâmicas espetaculares. O forte está aberto todos os dias entre as 10h e as 17h. No Verão o horário vai até às 18h e encerra à segunda-feira. O ingresso custa 5€ e a visita guiada 8€.





Ainda fomos ver a Ponte da Ajuda que fica à distância de 12km de Elvas, mas valeu a pena pela sua importância histórica e pela bonita paisagem que proporcionam as margens do Rio Guadiana. Foi mandada erguer pelo Rei D. Manuel I para facilitar as deslocações militares entre Portugal e Espanha, mas as fortes cheias de 1597 fizeram desabar alguns dos seus 19 arcos. Foi montada uma ponte levadiça para substituir a parte que faltava da ponte. Em 1709, durante a Guerra de Sucessão Espanhola, o exército castelhano fez explodir a ponte que permanece em ruínas até hoje.

E agora perguntam: “Fizeram isto tudo num só dia?” Claro que não! Ficámos um fim de semana em Elvas, alojadas no Hotel São João de Deus. Para além da boa localização e estacionamento gratuito, o quarto era muito espaçoso e a limpeza irrepreensível. O pequeno almoço foi muito variado e com produtos de qualidade.


Quanto às refeições, foram todas feitas no Restaurante “O Lagar”. Depois de lá irmos no primeiro dia, já não procurámos outro porque a comida foi excelente, as doses muito generosas e os preços muito razoáveis! Comum a quase todos os restaurantes da cidade é o facto de terem que reservar mesa, caso contrário vai ser difícil sentar para comer! Gostámos muito de visitar esta cidade alentejana que nos deu a conhecer mais um pouco da nossa História de Portugal. Se não conhece, faça como nós e vá até lá.






♥ Boa viagem ♥