A mais antiga cidade de Portugal fica na região Norte, no coração do Minho e à distância de aproximadamente 360km de Lisboa. Com mais de 2000 anos de História, Bracara Augusta foi fundada em 16 a.C. e assim chamada em homenagem ao Imperador Romano Augusto,
fundador do Império Romano. O seu vasto património cultural e arquitetónico, assim como a sua gastronomia, atraem anualmente milhares de visitantes.

Sem querer esquecer o seu passado, Braga tornou-se uma cidade jovem e cosmopolita. Em 2012 foi escolhida para ser Capital Europeia da Juventude, em 2018 foi Cidade Europeia do Desporto e em 2021 foi eleita Melhor Destino Europeu do Ano! Braga pertence, desde 2017, à rede de Cidades Criativas da UNESCO, na categoria Media Arts. Tudo isto são razões de sobra para ir conhecer Braga e foi o que nós fizemos.

O Centro Histórico vê-se muito bem a pé e por isso dispensámos o carro que ficou no estacionamento gratuito à porta do Hotel Dom Vilas onde estivemos alojadas e onde nos sentimos como em casa. O pessoal era todo muito simpático e prestável, as instalações eram simples, mas excelentes e o pequeno almoço era irrepreensível! O facto de ficar um pouco desviado do centro, foi o único ponto menos bom, mas depois de termos sido tão bem recebidas, depressa nos esquecemos desse pequeno pormenor.

Começámos a nossa incursão pela cidade com um passeio pela bonita Avenida da Liberdade, onde se concentram as lojas das principais marcas nacionais e internacionais. O Palácio do Raio é o primeiro edifício que se apresenta no nosso caminho, no cruzamento com a rua do mesmo nome e que vamos visitar. Parámos de imediato para admirar a sua fachada barroca revestida com belos azulejos azuis. Foi mandado construir em 1754 por um prestigiado comerciante, que no século seguinte o vendeu ao Visconde Miguel José Raio.


Depois de passar para a alçada da Santa Casa da Misericórdia, funcionou aqui uma extensão do Hospital de S. Marcos, o primeiro hospital de Braga. Em 2015 foi aqui inaugurado o Centro Interpretativo das Memórias da Misericórdia de Braga. Deste núcleo museológico fazem parte aparelhos e utensílios usados nos cuidados médicos assim como obras de pintura e escultura ligadas aos beneméritos da instituição. A imponente escadaria e os seus tetos pintados são dois dos pontos altos desta visita. O palácio encerra aos domingos e segundas-feiras. Nos outros dias pode ser visitado das 10h às 13h e das 14h30 às 18h30. A entrada é livre.

A escassos metros do palácio fica a Fonte do Ídolo, um lugar arqueológico com mais de 2000 anos construído para homenagear Tongoenabiago, o Deus das Águas na mitologia galaica e lusitana. Este lugar, que era uma importante nascente para a população, é uma das poucas referências sobreviventes da “Bracara Augusta”. Pode ser visitada de segunda a sexta-feira das 9h30 às 13h e das 14h às 17h30. Ao sábado e domingo o horário é das 11h às 17h e o ingresso custa 1,70€.

Continuando, passamos pelo Theatro Circo cuja construção foi concluída em 1914 e foi logo apontado como um dos mais belos teatros de Portugal e da Europa! É uma referência no domínio das artes, já que a escolha da sua programação obedece a critérios de elevada qualidade. A visita ao seu interior tem o custo de 3,50€/adultos e 1€/crianças e só pode ser feita com guia. Os dias e horários são variáveis, estando dependentes da programação que estiver a decorrer.


Chegadas à Praça da República, somos recebidas pela bonita Fonte Luminosa construída em 1995 e pelo belo jardim público do século XIX. As arcadas ali existentes que ladeiam a Igreja da Lapa foram construídas em 1715 para abrigar os comerciantes que, desde finais do século XVI, usavam este lugar para transacionar os géneros que abasteciam a cidade. Também é digno de registo, o bonito edifício do Banco de Portugal datado de 1921.


Foi aqui, no centenário Café Astória, que jantámos um delicioso Bacalhau à Braga e um Naco com Pimenta acompanhados com uma sangria de frutos vermelhos que foi de comer e chorar por mais!

Em frente do jardim público ergue-se a majestosa Igreja dos Congregados construída no século XVIII em estilo barroco. Em 1975 a Santa Sé concedeu-lhe o título de Basílica Menor. No centro do jardim salta à vista o monumento erguido para assinalar a vinda do Papa João Paulo II à cidade em 1982.



Visitar Braga é enveredar pelas suas ruas estreitas e ir à descoberta. A Casa dos Crivos fica na Rua de S. Marcos e é um exemplo único deste tipo de habitação que foi muito comum entre os séculos XVII e XVIII. As janelas eram revestidas com estruturas de madeira que, para além de protegerem as casas do calor, serviam para esconder o ambiente de excessiva religiosidade que se vivia na altura, mas permitindo observar o que se passava na rua….

Chegamos ao Largo Carlos Amarante e paramos a olhar para edifícios monumentais! A majestosa Igreja de S. Marcos impõe-se na paisagem e o seu interior é surpreendente! Foi construída no século XVIII pelo arquiteto que dá o nome a esta praça. No centro do largo está uma bonita fonte com obelisco, datada do século XVII.


Mais à frente está a espetacular Igreja de Santa Cruz construída em estilo barroco no século XVII. O seu interior é de uma beleza invulgar muito por culpa da talha dourada com que é revestida e da sua nave muito alta. O órgão e os púlpitos são magníficos.


A Torre de Menagem, com 30 metros de altura, é a parte que resta do Castelo de Braga. Foi erguido no século III mas, em prol de novas construções, o castelo foi destruído no início do século XX!!!

O Jardim de Santa Bárbara é de passagem obrigatória. Para além da sua beleza natural, está rodeado de importantes imóveis históricos. Assinalando o centro do jardim está uma fonte do século XVII encimada pela estátua de Santa Bárbara. Em frente está o Paço Episcopal construído no século XIV e à esquerda a Reitoria da Universidade do Minho. O Largo do Paço é assinalado pelo bonito Chafariz dos Castelos construído em 1723.



E chegamos então à Sé de Braga. Este monumento de culto começou a ser construído no século XI e é a mais antiga Catedral do país. A expressão “mais velho que a Sé de Braga” é muito conhecida dos portugueses e é carinhosamente associada à longevidade da sua construção.

A visita completa à Sé Catedral de Braga inclui o acesso a 4 capelas onde estão sepultados os pais de D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal. O claustro e o Museu do Tesouro também são de passagem obrigatória onde estão expostas importantes peças de arte sacra. O bilhete para visitar todos os espaços custa 5€, mas é gratuito para estudantes e pessoas portadoras de deficiência. A Catedral está aberta todos os dias das 9h30 às 12h30 e das 14h30 às 17h30. No Verão encerra às 18h30.


É gratificante andar a pé nesta cidade e enveredar pelas suas ruas e ruelas descobrindo a espetacular arquitetura das igrejas de Braga, que são muitas, e os seus fantásticos edifícios seculares. E eis senão quando… ali está ele, o Arco da Porta Nova! Mandado construir em 1512 e restaurado em 1772, este arco foi a primeira de 8 portas das muralhas da cidade. Mas…e a porta? A porta, essa, nunca chegou a ser construída porque as guerras deixaram de ter uma frequência significativa e assim, a passagem ficou aberta para o Campo das Hortas onde se realizava o Mercado do Peixe.



Alguns metros mais adiante fomos visitar o Museu dos Biscaínhos instalado no palácio com o mesmo nome, construído no século XVII. Quem, como nós, gosta de museus e se interessa em saber como era a vida quotidiana da nobreza portuguesa entre os séculos XVII e XIX, não deve perder esta visita.

Para além dos maravilhosos jardins do século XVIII, o museu exibe mobiliário, porcelanas, esculturas, pinturas, têxteis, metais, brinquedos e outros artefactos que faziam parte do dia a dia da classe nobre. O museu abre de terça-feira a domingo das 10h às 12h30 e das 14h às 17h30. O ingresso custa 2€/adultos e 1€/estudantes, séniores e pessoas com mobilidade reduzida. A entrada é gratuita aos domingos e feriados para todos os cidadãos residentes em Portugal e para crianças até aos 12 anos.

Ao virar da esquina está a Igreja e Convento do Pópulo cuja construção se iniciou no final do século XVI. Após a extinção das ordens religiosas, estas instalações passaram a acolher um regimento de infantaria e, hoje em dia, uma das suas secções alberga serviços da Câmara Municipal.

As atrações turísticas da chamada “cidade dos Arcebispos” (assim intitulada porque o seu Arcebispo foi, durante séculos, o mais importante da Península Ibérica) não se esgotam no centro histórico. A menos de 3km fica o Miradouro do Picoto no monte com o mesmo nome, que oferece uma espetacular vista de 360 graus sobre a cidade de Braga e os Santuários do Bom Jesus do Monte e do Sameiro.


O Santuário do Bom Jesus do Monte fica à distância de 7km da cidade e foi classificado em 2019 como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. A sua construção iniciou-se em 1784. O escadório com mais de 500 degraus vence um desnível de 116 metros e é ladeado por várias capelas.

Se optar por subir no elevador, saiba que este foi o primeiro funicular construído na Península Ibérica e é, atualmente, o mais antigo em funcionamento no mundo utilizando o sistema de contrapeso de água! Foi inaugurado em Março de 1882 e circula ao lado do escadório. Funciona todos os dias, no Verão das 8h às 19h e no Inverno até às 18h. A viagem custa 1,50€/ida e 2,50€/ida e volta.

A partir daqui e até ao Santuário do Sameiro só precisa percorrer mais 3,5km. Este Santuário inaugurado em 1869, surgiu para homenagear Nossa Senhora da Conceição e é o local de maior devoção em Portugal depois do Santuário de Nossa Senhora de Fátima. O seu interior é dotado de uma arquitetura que impressiona os milhares de visitantes que aqui se deslocam anualmente. A sua longa escadaria que parece tocar o horizonte, promove uma vista deslumbrante para a cidade. A igreja está aberta todos os dias entre as 8h e as 18h e no Verão até às 20h, mas encerra sempre entre as 13h e as 14h.


Este nosso “assalto” a Braga não ficaria completo sem nos deslocarmos ao Mosteiro de Tibães que fica a 7km, mas vale muito a pena ir até lá. Foi fundado no século XI e durante muitos séculos foi um dos mosteiros mais ricos do país. Em 1986 abriu as portas ao público.

Ao longo das várias áreas de visita como sendo a igreja e claustro, o museu e o grande jardim com um vasto conjunto de fontes e um grande lago, ficamos com uma ideia de como viviam as ordens religiosas. O mosteiro está aberto de terça-feira a domingo das 10h às 18h. A entrada é gratuita até aos 12 anos e aos domingos e feriados para residentes em Portugal. O ingresso custa 4€/adultos e 2€/seniores e estudantes.


Já estão cansados? É claro que não fizemos tudo de uma vez! Dedicámos 4 dias a esta bela cidade e valeram a pena todos os passos que demos. Saímos daqui com a confirmação de que a História do nosso país está escrita no nosso rico património. É só observar e dar asas à imaginação…. Está tudo lá, em cada canto, em cada pedra!…


♥ Boa viagem ♥