A poucos quilómetros de Lisboa, mais precisamente em Sintra, fomos visitar uma das mais belas obras de arquitectura paisagística em Portugal. O Parque e Palácio de Monserrate, testemunhos preciosos do estilo ecléctico e romântico do século XIX, ficam à distância de 4 quilómetros do Centro Histórico de Sintra.


Para ali chegar apanhamos o autocarro 435 junto da Estação Ferroviária de Sintra e que faz o circuito “Villa Express”, cujo bilhete custa 2.55€/ida e volta. Se optar por usar o carro tem parque de estacionamento perto da entrada.


Os portões de acesso à antiga propriedade rural são o primeiro contacto com a quinta de 33 hectares e, logo aí, o primeiro motivo de interesse pois estão ladeados por duas Quimeras que são figuras mitológicas que atestam a ideia de que, a partir dali, tudo é fantástico.


Para compreender melhor a evolução deste património, vamos recuar um pouco no tempo para explicar que, nesta colina começou por existir apenas uma capela dedicada a Nossa Senhora de Monserrate, construída em 1540, e algumas pequenas casas que acabaram destruídas durante o terramoto de 1755.



O comerciante inglês Gerard de Visme consegue arrendar a quinta em 1790 e começa a construir um palácio neogótico sobre as ruínas da capela. Três anos mais tarde William Beckford, o jovem inglês mais rico da época, arrenda o espaço depois de ter conhecimento do seu potencial e de como estava a ser pouco aproveitado.


Nessa altura, grandes obras são aqui feitas e começa a nascer, também, um jardim paisagístico. Beckford era jovem e gostava de organizar grandes festas. Um dos seus convidados foi Lord Byron, grande poeta europeu que, de tão encantado, se referiu a este local numa das suas obras (Child Harold Pilgrimage), contribuindo assim para que o local se tornasse de visita obrigatória para viajantes estrangeiros.


Um dos visitantes frequentes era Francis Cook, um milionário inglês que, sabendo que a quinta que ele em tempos tanto tinha apreciado estava a ficar abandonada e em ruínas, decide comprá-la quando decorria o ano de 1856.

Dá-se então início à construção do belíssimo Palácio de Monserrate. As duas torres cilíndricas que faziam parte do edifício inicial, foram mantidas.


No seu interior surgem salas de lazer, átrios, capela, uma fonte e uma galeria em estilo gótico, indiano e árabe que atravessa e liga todas as áreas e cujos arcos emprestam o efeito de profundidade. Colunas de mármore de Carrara e madeiras nobres também fazem parte dos materiais de construção. É ainda erguida uma majestosa escadaria interior de acesso ao piso superior onde se localizavam os quartos.






Finalmente, o palácio é ricamente decorado com várias obras de arte, desde pinturas a esculturas, porcelanas e azulejos. Infelizmente muitas destas obras foram mais tarde leiloadas e dispersas por vários museus quando, em 1947, a família é obrigada a vender a quinta depois de perder grande parte da fortuna.





No parque e por entre caminhos sinuosos, foram construídos diversos jardins, subdivididos em áreas geográficas, com árvores, flores e plantas vindas de todo o Mundo, compondo um cenário idílico.





Ao longo dos caminhos encontramos falsas ruínas decorativas, recantos, cascatas e lagos que foram criados com profundidades e temperaturas adequadas às plantas aquáticas que albergam. É, sem dúvida, um passeio pelos cinco continentes através da botânica!



O extenso relvado em frente do palácio, foi o primeiro plantado em Portugal e exigiu a criação de um complexo sistema de rega devido à inclinação do terreno.


Nesta mega construção estiveram envolvidas 2000 pessoas. Depois da obra acabada, Francis Cook fixou aqui residência e manteve 300 trabalhadores para cuidar da propriedade, 50 dos quais dedicados à jardinagem. A título de curiosidade, ao mestre jardineiro James Burt terá sido permitido viver o resto da sua vida com a família em Monserrate e ele assim o fez.


Em 1949 o Estado português comprou a propriedade ao comerciante de antiguidades de Lisboa, que a detinha.

Na Casa de Pedra, localizada no jardim e que deu apoio à quinta como serraria e vacaria, está hoje instalada a sede da empresa Parques de Sintra – Monte da Lua, SA que foi criada para gerir a salvaguarda da Paisagem Cultural de Sintra depois de lhe ter sido atribuído, em 1995, o Título de Património Mundial pela UNESCO.

Em 2013 o Parque de Monserrate, um dos mais ricos jardins botânicos portugueses, foi o vencedor dos European Garden Awards.


As visitas fazem-se todos os dias entre as 10h e as 18h. O ingresso custa 7.50€/adultos e 6€/crianças. Venha fazer uma viagem ao passado romântico do século XIX e deixe a sua imaginação fluir por entre os recantos que a natureza desenhou e os salões dos tempos áureos da alta sociedade portuguesa.

♥ Boa viagem ♥