Universidade de Coimbra – o berço da sapiência

A Universidade de Coimbra, para além de ser um orgulho nacional, é a mais antiga universidade de Portugal e uma das mais antigas e prestigiadas do mundo! Fundada pelo Rei D. Dinis em 1290, esta instituição andou entre Lisboa e Coimbra até ao ano de 1537, data em que o Rei D. João III a fixou definitivamente em Coimbra.

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Edifício da Faculdade de Medicina e Museu do Instituto de Anatomia Patológica
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Núcleo da Faculdade de Química

O núcleo universitário compreende 31 edifícios com a designação de Universidade de Coimbra – Alta e Sofia. A cada ano lectivo, perto de 50 mil alunos nacionais e estrangeiros frequentam os cursos de Arquitectura, Engenharia, Medicina, Educação, Direito, Matemática, Humanidades, Ciências Naturais, Psicologia, Desporto e Ciências Sociais. A estreita colaboração entre estudantes nacionais e internacionais faz desta instituição uma universidade cosmopolita.

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A sala nº 6 da Faculdade de Direito recebeu o nome do político, jurista e professor desta faculdade onde também se licenciou no início do século XX
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Escadaria no interior do Paço Real
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Os  azulejos muito bem preservados no interior do Paço Real contam a História de Coimbra

Nós não estudámos aqui, mas confesso que sentimos muito orgulho quando passámos a Porta Férrea para visitar aqueles edifícios históricos tão bem preservados! Foi por esse motivo e pela sua excepcional importância cultural que a UNESCO atribuiu à Universidade de Coimbra – Alta e Sofia o título de Património Mundial em 2013.

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O acesso à Faculdade de Direito

A Porta Férrea dá acesso ao velho Paço da Alcáçova, a zona mais elevada da cidade cujas funções de defesa levaram a que os Reis portugueses ali fixassem residência a partir de 1130, passando a ser ali o primeiro Paço Real do país.

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A entrada efectua-se pela Porta Férrea voltada para o Largo com o mesmo nome
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O Pátio das Escolas ou Paço da Alcáçova e o Colégio de S. Pedro, fundado em 1540. Aqui instalaram-se os aposentos dos infantes. Mais tarde serviu de alojamento para alguns professores da Universidade
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A bonita porta de entrada do Colégio de S. Pedro

A Porta Férrea, tal como a vemos hoje, foi construída em 1634 e está coroada pela figura da Sapiência. Nas laterais estão os Reis que marcaram a História da Universidade: D. João III e D. Dinis o seu fundador. Querem saber uma curiosidade? Desta porta para dentro, a Polícia só entra com autorização do Reitor! É claro que esta regra, que vigorou durante muitos anos, hoje em dia é apenas uma formalidade. Apesar disso e por respeito, ainda hoje quando a Polícia é chamada ao local por alguma razão, não passa a Porta Férrea sem antes contactar o Reitor e pedir autorização para o fazer!!!

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A Porta Férrea no interior do Pátio das Escolas. Ao lado, na porta mais pequena, vendem-se os ingressos para esta visita

Uma vez no Pátio das Escolas, parámos no meio para olhar em volta e admirar todo aquele conjunto de edifícios do período Romano e Islâmico que constituem o coração da universidade.

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O coração da Universidade de Coimbra

Salta à vista a famosa Torre da Universidade com os seus 34 metros de altura, um ponto de referência da cidade. Foi construída entre 1728 e 1733 e tem um relógio coordenado com os seus 4 sinos. Destes, o principal está virado para o rio e é chamado de “cabra”! Porquê? Inicialmente esse sino tocava somente de manhã para chamar para as aulas e à tarde para obrigar os caloiros (contrariados) a recolher…  daí este nome “gentil” que os estudantes lhe atribuíram. Por 1€, aqueles que se dispuserem a subir os 180 degraus da torre serão brindados com um surpreendente panorama da cidade e arredores.

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A Torre da Universidade
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As escadas para subir à torre que não são aconselhadas para quem tem vertigens ou sofre de claustrofobia
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O sino virado para o rio que os estudantes baptizaram de “cabra”
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Vale a pena a subida porque a vista é impressionante

Ao lado, a Via Latina é uma longa varanda que acompanha toda a fachada principal do antigo Paço Real ao centro da qual está a elegante colunata erguida no século XVIII. O seu nome surgiu para assinalar, nessa mesma altura, a passagem do ensino do Latim para o Português como língua oficial. Faz parte da tradição estudantil que na sua escadaria se realizem as fotos de curso por ocasião da colocação das fitas na pasta académica.

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A Via Latina
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O interior da Via Latina
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A bonita Colunata da Via Latina
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Pormenor do conjunto de esculturas no interior da Colunata. Na base destacam-se as figuras da Justiça e da Fortaleza. Ao centro, a figura do Rei D. José I que foi o autor da Reforma Pombalina na universidade. O seu pai, D. João V, ordenou a construção da Biblioteca Joanina.

Ao fundo, um enorme miradouro proporciona uma vista deslumbrante sobre a cidade de Coimbra, o Rio Mondego e o Jardim Botânico. A estátua de D. João III, aqui erguida em 1950, completa o conjunto.

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O Miradouro do Paço e a estátua de D. João III

Seguimos depois para a tão desejada visita aos icónicos edifícios, não sem antes passarmos pela bilheteira para adquirirmos os respectivos ingressos cujos preços são os seguintes: gratuito/crianças até aos 12 anos, 6,25€/até aos 18 anos, 12,50€/adultos e 10€/estudantes e séniores.

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Um estudante enverga orgulhosamente o seu traje académico. A Capa nunca se lava! Lavá-la é apagar e renunciar a todas as recordações da vida de estudante…

Uma vez dentro do Paço Real começámos por visitar a Sala Grande dos Actos ou Sala dos Capelos onde se realizam as mais importantes cerimónias da vida académica, como por exemplo a defesa de Tese de Doutoramento. Aqui era a antiga Sala do Trono do Paço Real da Alcáçova onde tiveram lugar importantes episódios da História de Portugal como foi o caso da aclamação de D. João, Mestre de Avis, como Rei de Portugal em 1385.

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A Sala Grande dos Actos

Os retratos a óleo aqui expostos são do século XVII, representando as figuras dos Reis de Portugal. Os mais observadores hão-de reparar que a partir de certa altura os Reis deixam de exibir a coroa porque esta foi doada a Nossa Senhora da Conceição, padroeira da universidade e da cidade. A Rainha Santa Isabel é a única esposa de um Rei que aqui se encontra retratada devido à forte ligação que manteve com a cidade.

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Claustro de acesso a algumas salas de aula

A Sala do Exame Privado começou por ser o local onde o Rei pernoitava. Depois, como o próprio nome indica, passou a ser a sala onde, à porta fechada, decorria o acto solene e nocturno da prova de licenciatura. É neste espaço que se continua a realizar a cerimónia de Abertura Solene das Aulas. A decoração é composta por azulejos portugueses e pinturas a óleo que retratam antigos Reitores da universidade.

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A Sala do Exame Privado

Na Sala das Armas estão guardadas as armas da extinta Guarda Real Académica que ainda são utilizadas pelos Archeiros que organizam a “Guarda de Honra” nas cerimónias solenes dos Doutoramentos, Honoris Causa, Investidura do Reitor e Abertura Solene das Aulas. Os azulejos do século XVIII retratam cenas do quotidiano e a pintura do tecto que data do século XIX apresenta as armas portuguesas.

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A Sala das Armas
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O tecto da Sala das Armas

A Sala Amarela, contígua a esta, deve o seu nome às paredes forradas com seda amarela, a cor alusiva à Faculdade de Medicina, onde se reunia a sua congregação. É neste espaço que se organiza e inicia o desfile para a cerimónia de Abertura do Ano Lectivo. Nas paredes encontram-se retratos dos Reitores dos séculos XIX e XX.

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A Sala Amarela

Voltámos para o exterior para visitar a bonita Capela de S. Miguel, assim chamada porque o Arcanjo Miguel era o Santo por quem D. Afonso Henriques tinha grande devoção. O pequeno oratório privativo original foi erguido no século XI. A capela como a vemos agora foi mandada construir por D. Manuel I no século XVI. Foi alvo de remodelações posteriores, mas o retábulo principal em talha dourada de 1605 que retrata a vida de Cristo, é considerado uma obra-prima.

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A bela porta manuelina da Capela de S. Miguel
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O altar-mor e retábulo
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O Coro Alto e, por cima, a varanda onde a realeza assistia à Eucaristia e outros eventos com vista privilegiada

Salta à vista o majestoso órgão em estilo barroco com 2000 tubos construído em 1733 e que continua em funcionamento. Os azulejos da nave e capela-mor são portugueses do século XVII, assim como a bonita pintura do tecto. Todos os domingos às 12 horas é aqui celebrada a Eucaristia.

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O lindo órgão cuja dimensão é desproporcionada para o espaço
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O tecto da Capela de S. Miguel

A Biblioteca Joanina é uma das mais deslumbrantes do mundo e o ponto alto desta visita. Aqui entra-se com hora marcada na altura da aquisição dos bilhetes porque só se abrem as portas a cada 20 minutos para entrar um grupo de, no máximo, 60 pessoas. É indescritível a riqueza que se encontra ali dentro: estantes de madeiras nobres do Brasil folheadas a ouro com motivos chineses e tectos ricamente pintados, tudo bem ao estilo do barroco português.

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A porta da Biblioteca Joanina
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Vista lateral do edifício da Biblioteca Joanina

O edifício de 3 pisos foi construído no início do século XVIII por ordem do Rei D. João V (o seu retrato tem aqui um lugar de destaque) de modo a evidenciar a riqueza do Império Português da época… e conseguiu! O seu espólio conta com mais de 200 mil livros que podem ser consultados a pedido. Veja tudo com atenção, observe os pormenores e retenha na memória o privilégio de poder estar neste lugar porque, aqui, é expressamente proibido fotografar e garanto que os funcionários que nos rodeiam estão muito atentos.

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Interior da Biblioteca (foto Wikipédia). Ao fundo destaca-se o retrato do Rei D. João V

Para acedermos aos pisos inferiores descemos as Escadas de Minerva construídas em 1725 e que servem de acesso à faculdade pela Rua Dr. Guilherme Moreira.

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As escadas de Minerva
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A figura de Minerva, a Deusa da Sabedoria, a encimar o portão da escadaria. Ao lado, a árvore à qual os estudantes deram o nome de “relógio de ponto” porque floresce todos os anos na altura do início dos exames!

Entramos então para a Prisão Académica, a única prisão medieval que ainda existe em Portugal. O que antes era a cadeia do Paço Real passou a ser a prisão para onde eram levados os alunos acusados de indisciplina. O código de conduta era muito rígido e as penas podiam ser de um dia, dois ou uma semana. Nos casos especialmente graves, as penas podiam ir até 6 meses ou ser cumpridas na “solitária”. O Reitor era o Juiz. Em 1834 a Prisão Académica foi extinta.

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Uma das celas da prisão
PRIS
Todas estas paredes são medievais e muito bem conservadas

No piso intermédio guardam-se livros trazidos de outras bibliotecas de colégios da cidade, que esperam para serem catalogados ou restaurados, antes de serem colocados na biblioteca principal. Encontram-se aqui em exposição algumas primeiras edições de mapas, cartas e manuscritos, assim como os primeiros caracteres japoneses impressos na Europa, que foram gravados aqui em Coimbra.

LIVROS
O piso intermédio do edifício da biblioteca
MAPAS
Alguns mapas antigos estão em exposição, entre outras relíquias

Este extraordinário conjunto arquitectónico está de portas abertas todos os dias das 9.00h às 13.00h e das 14.00h às 17.00h. A Universidade de Coimbra deixa saudades a quem por aqui passa, tendo conquistado um estatuto que dispensa apresentações… mas não dispensa a sua visita!

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As “gloriosas”

♥ Boa viagem ♥

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