Já se imaginou a percorrer 2000 anos de História dentro do mesmo espaço? Neste artigo proporcionamos-lhe uma visita guiada a um dos mais belos e completos museus de Portugal. O Museu Nacional de Machado de Castro em Coimbra confere ao visitante um arrebatador passeio no tempo, que nos remonta ao longínquo século I!


O museu, cuja abertura ao público aconteceu em Outubro de 1913, recebeu o nome do filho da cidade que o viu nascer e de quem muito se orgulha. Machado de Castro foi um dos maiores escultores portugueses do século XVIII e um grande influenciador da arquitectura europeia.

O espólio do museu, de incalculável valor, inclui núcleos de arqueologia, escultura, ourivesaria, joalharia, pintura, desenhos, cerâmica, têxteis, mobiliário e exposições temporárias de artigos orientais, livros, metais e vidros.


Em 2006 verificou-se que o edifício original, que ocupa as antigas instalações do Paço Episcopal de Coimbra, se revelava pequeno para albergar tão grande tesouro. O arquitecto Gonçalo Byrne foi convidado a criar um edifício novo que conseguisse dar continuidade ao existente. Em 2012 foram inauguradas as novas instalações que se articulam na perfeição com o Criptopórtico romano e os espaços do antigo Paço Episcopal.


Esta obra foi reconhecida internacionalmente, tendo sido atribuído ao arquitecto português o Piranesi/Prix de Rome 2014, um dos mais prestigiados prémios internacionais que visa distinguir obras de importância patrimonial que envolvam herança arqueológica.

Logo na praça de entrada percebemos a função da bonita loggia ou galeria, que ali nasceu para fazer a ligação perfeita entre o antigo Paço Episcopal, o edifício novo e a cidade.

A visita inicia-se com a descida ao Criptopórtico romano cuja construção se atribui ao século I, sendo este achado arqueológico o mais bem conservado da Península Ibérica. Uma vasta rede de galerias leva-nos através de um percurso labiríntico de dois pisos, ao longo do qual vamos encontrando algumas esculturas que retratam figuras da época medieval. Pelo caminho encontramos escavações em aberto que nos permitem ver os “patamares da História” por assim dizer.




Este museu tem características muito próprias, essencialmente ligadas à escultura, porque a região de Coimbra é pródiga em jazigos de pedra de Ançã cuja produção deu origem ao grande desenvolvimento artístico e arquitectónico, principalmente a partir do século VIII. As obras que temos o privilégio de admirar aqui, são de uma perfeição e beleza dignas dos nossos maiores elogios!




Numa viagem ao passado que nos transporta para um intervalo temporal entre o século I e o século XX, passamos pelas arcadas do antigo claustro da igreja românica de S. João de Almedina do século XI e que marcam a ligação com o edifício novo.


Mais à frente ficamos assoberbados com a dimensão da “Capela do Tesoureiro”, uma escultura que domina o espaço a par da bela colecção de retábulos. A colecção de pinturas é um assombro e as cores prendem o olhar assim como a perfeição das expressões faciais que nos parecem querer transportar para dentro das cenas retratadas.





No capítulo da ourivesaria há duas colecções distintas: a Arte Sacra com peças belíssimas que foram usadas desde o século XII nas mais variadas cerimónias e manifestações religiosas e a colecção de joalharia com várias peças deslumbrantes em ouro, prata e pedras preciosas muitas delas pertencentes à Rainha Santa Isabel padroeira da cidade de Coimbra, com um valor sentimental acrescido por terem sido mesmo usadas pela Rainha como se comprova em algumas pinturas da época.



No capítulo da cerâmica, podem ser apreciados vários exemplares de objectos decorativos, loiças e azulejos, alguns dos quais retratando passagens da História de Portugal. Os têxteis incluem tapeçarias, colchas e vestes litúrgicas bordadas a fios de ouro. Completam a colecção, alguns tapetes orientais e de Arraiolos.






No capítulo do mobiliário são várias as peças expostas como cofres, roupeiros, mesas, cadeiras, cómodas, camas e mobiliário de apoio a actos litúrgicos, feitas com madeiras nobres e cadeiras estufadas com sedas e veludos, algumas com acabamentos em ouro.


O museu é um espaço amplo e aberto, com muita luz natural e uma ligação perfeita com a cidade. Todos os percursos estão ao alcance de pessoas com mobilidade reduzida. No apoio ao visitante pode contar com cafetaria, restaurante, W.C. e loja de souvenirs onde pode adquirir reproduções e publicações de interesse.


Apesar da sua grandeza, o espólio do Museu Nacional Machado de Castro é muito mais vasto do que isto. Os milhares de peças expostas apenas representam 15% do seu inventário. Na exposição da Fundação Oriente em Lisboa, 40% das peças exibidas pertencem ao Museu Machado de Castro e no Paço dos Duques de Bragança o mesmo se passa com 70% das peças ali expostas. Muitas mais estão guardadas esperando um dia poder vir a ter o seu “lugar ao sol”.


O museu encerra à segunda-feira. À terça-feira abre entre as 14h e as 18h e de quarta-feira a domingo das 10h às 18h. O bilhete custa 6€/adultos e 3€/séniores e estudantes. A entrada é livre até aos 12 anos e para pessoas em situação de desemprego. O museu proporciona entrada livre para todos os cidadãos aos domingos e feriados até às 14h.

O Museu Nacional Machado de Castro foi integrado em 2019 na área classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia. Faça uma visita a um dos mais importantes museus de belas-artes de Portugal e conte com algumas horas para o poder apreciar e se deixar transportar a um passado distante…


♥ Boa viagem ♥
Este documento é sensacional. Gostei muito e está bem montado. Com aspectos importantes do museu.
Obrigado
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