O renovado Jardim Botânico Tropical de Lisboa

Lisboa, já aqui o referimos, é uma cidade cosmopolita com tudo o que essa condição acarreta. Prédios, carros, pessoas, ruído, fazem parte do dia a dia de quem cá vive ou nos visita, mas a nossa cidade também tem as suas “pérolas”, ou seja, belos jardins, alguns mais escondidos do que outros, que passam despercebidos aos cidadãos menos atentos!

20200225_124213 — É um prazer passear por estas avenidas

OLYMPUS DIGITAL CAMERA — Bancos decorados com azulejos portugueses

PAL — O Palácio dos Condes da Calheta construído no século XVII tem no seu interior uma magnífica colecção de painéis de azulejos

20200225_115308 (2) — Uma das escadarias laterais do palácio

Aproveitando o facto de Lisboa ser, este ano, a Capital Verde Europeia 2020, vamos falar-lhes do recentemente renovado Jardim Botânico Tropical, também conhecido por Jardim do Ultramar.

20200225_123715 (2) — O Lago Principal foi mandado construir para assinalar a visita do Rei Afonso XIII de Espanha à Corte Portuguesa e é ponto de encontro de aves residentes e migratórias, como é o caso dos patos reais, garças-brancas-pequenas ou guarda-rios

20200225_125143 (2) — Aqui pode ler tranquilamente um livro ou apenas ouvir o incomparável som do silêncio com que a natureza nos brinda

Este espaço, localizado em Belém entre o Mosteiro dos Jerónimos e o Palácio Presidencial, foi outrora ocupado por quintas e casas de recreio da nobreza portuguesa dos séculos XVI a XVIII. O jardim foi inaugurado em 1906 pelo Rei D. Carlos I com a finalidade de servir de local de pesquisa do Instituto de Ciências Tropicais cujos estudos beneficiavam a agricultura das colónias estrangeiras de Portugal.

O Jardim do Ultramar, como foi inicialmente chamado, tem aproximadamente 7 hectares e 600 espécies de flora tropical e subtropical originárias dos diferentes continentes onde as nossas colónias estrangeiras estavam localizadas. A sua abertura ao público deu-se em 1912 e visitar o Jardim Botânico Tropical é uma forma de viajar pelo mundo.

20200225_114234 — Lago de acesso à gruta de Camões, uma homenagem ao poeta português

A sua forte componente científica permite encontrar aqui estufas, banco de sementes, laboratório de cultura in-vitro e uma xiloteca (colecção de madeiras).

20200225_122007 (2) — A Estufa Principal foi construída em 1914. Na estrutura em ferro e vidro destaca-se o magnífico portão de entrada do século XIX

FRIA — Estufa fria que data do século XVIII

É um prazer passear ao longo das extensas avenidas com palmeiras altíssimas ou apreciar árvores com frutos tropicais, ao mesmo tempo que se descobrem lagos e grutas enquanto somos observados por simpáticos pavões e gansos!

PAVAO — Um dos muitos e lindos pavões que se passeiam pelo jardim

A Ciência e a História andam de mãos dadas neste espaço onde ficámos a conhecer algumas plantas que foram trazidas para o nosso país pelos navegadores da época dos Descobrimentos.

20200225_121236 — Cactos oriundos do México

20200225_124359 — Cycas Revoluta oriunda da China e Japão

20200225_123933 — Encephalartos de África

20200225_123850 — Árvore de grande porte cujos ramos estão suportados por estacas

A Exposição do Mundo Português que se realizou em 1940 centrou neste jardim a sua Secção Colonial, o que originou a construção de várias estruturas como o edifício da Casa Colonial, o Pavilhão das Matérias-primas e o Arco de Macau.

Painéis de azulejos, bustos de africanos e asiáticos ou painéis de madeira de baixo-relevo são obras dignas de serem apreciadas com alguma atenção.

PAINEL — Um dos vários painéis espalhados pelos muros do jardim e que retratam cenas da era dos Descobrimentos Portugueses

O Jardim Botânico Tropical que em 2007 foi classificado como Monumento Nacional e em 2015 passou a integrar a Universidade de Lisboa está aberto todos os dias, de Outubro a Março entre as 9h e as 17h e de Abril a Setembro entre as 9h e as 20h. A entrada é gratuita até aos 10 anos, até aos 18 anos, estudantes e séniores/2€ e adultos/4€.

Vá conhecer este bonito jardim um pouco escondido, mas bem à vista de quem gosta de passar algumas horas tranquilas e em família, ouvindo apenas o cantar dos pássaros, a água que cai das fontes ou o oscilar da vegetação, esses agradáveis sons da natureza que aqui se sobrepõem à poluição sonora da grande cidade!