Na manhã do dia 1 de Novembro de 1755, Lisboa foi abalada por um violento terramoto seguido de maremoto que destruiu toda a cidade, incluindo a residência do Rei D. José I que se situava no Terreiro do Paço, junto ao Rio Tejo. Embora a Família Real se encontrasse nesse dia em Belém, o Rei ficou muito perturbado com os acontecimentos.

Escolheu então erigir numa zona mais elevada da cidade de Lisboa, o alto da Ajuda, um palácio de madeira e pano ao qual chamou Real Barraca. Em 1794 este edifício, assim como todo o seu recheio, é consumido pelas chamas de um violento incêndio. A Família Real muda-se então, provisoriamente, para o Palácio de Queluz.

Em 1802 põe-se em marcha o ambicioso plano de construção do Palácio Nacional da Ajuda, em estilo neoclássico, interrompido por diversas vezes durante décadas devido a problemas políticos e financeiros. Em 1807 a Família Real foge para o Brasil por causa das invasões francesas, mas o General Junot ordena que as obras no palácio continuem a decorrer.

Em 1821 toda a Corte regressa do Brasil e vai habitar o novo palácio. Em 1862, D. Luis I casa-se com D. Maria Pia de Saboia e a partir daqui o palácio sofre uma grande mudança no seu interior e ganha uma vida renovada.

A Rainha, oriunda de uma abastada família italiana e com hábitos muito requintados e avançados para a época, começa a dar nas vistas por ser uma compradora compulsiva. Apesar disso, era conhecida em toda a Europa pelo seu bom gosto em matéria de decoração e também na forma de vestir. A título de curiosidade, a Rainha também gastava muito dinheiro a ajudar os mais necessitados.

A maior agitação aconteceu quando D. Maria Pia impôs novas normas de higiene no palácio. Mandou construir a primeira casa de banho com água quente e fria e incutiu a importância do banho!

O Palácio da Ajuda era conhecido em todas as Cortes europeias pelas grandes cerimónias, bailes e banquetes que aqui se realizavam. Era também aqui que se reunia o Conselho de Estado.


D. Luis I morre em 1889 e nessa altura a Rainha toma conhecimento das dívidas da Corte. Deixa então de fazer compras compulsivas e passa a preocupar-se em as pagar, começando por vender as suas jóias (que mais tarde foram recuperadas).


Em 1910 toda a Família Real sai de Portugal repentinamente na sequência da Implantação da República e as portas do palácio são encerradas.

Assim permanecem até 1938, altura em que o Palácio Nacional da Ajuda reabre com o estatuto de Museu, mantendo de modo fidedigno a sua decoração tal como os Monarcas a tinham deixado, sendo o único palácio da Europa com esta característica.

Na visita ao palácio, com vistas deslumbrantes para o Rio Tejo, podem ser apreciadas importantes colecções de ourivesaria, mobiliário, tapeçaria, vidro, cerâmica, escultura e pintura (a forma de arte mais apreciada pelo Rei D. Luis I). Em resumo, este palácio está intimamente ligado à Rainha D. Maria Pia que deixou um legado de valor incalculável a Portugal.

Numa das alas do palácio está hoje em dia instalado o Ministério da Cultura. O Palácio Nacional da Ajuda está aberto das 10h às 18 horas e encerra às quartas-feiras. O ingresso tem o preço de 5€ para adultos e 2.50€ para maiores de 65 anos. A entrada é gratuita no primeiro domingo de cada mês e para pessoas com mobilidade reduzida e um acompanhante.

Venha conhecer os tempos áureos da Monarquia em Portugal.
♥ Boa viagem♥
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