Não era a primeira vez que ia a Cascais (frequento muito as suas belas praias), mas naquele dia apeteceu-me partir à aventura e olhar a vila com “olhos de ver” que é como quem diz, com a máquina fotográfica em punho! E lá fui eu à descoberta demais um cantinho à beira-mar plantado, como se diz em Portugal.

Faz parte deste passeio uma agradável viagem de 30 minutos de comboio, desde Lisboa até Cascais, durante a qual se assiste ao desfilar de praias de areia dourada que convidam a banhos no Verão e que, ao longo de todo o ano, proporcionam belas caminhadas e actividades náuticas.

Começando na estação ferroviária, cujo edifício foi inaugurado em 1889, o passeio faz-se através das ruas estreitas com o seu comércio típico, restaurantes e esplanadas de grande qualidade e uma oferta hoteleira de topo.


A sua localização estratégica atraiu para aqui a realeza que desde o século XVIII adoptou este local como estância balnear, razão pela qual mandaram aqui construir palácios e mansões que fazem, hoje em dia, as delícias de turistas e amantes de fotografia.

Ao passar pelo Largo Mestre Henrique Anjos fiquei a saber que era um homem que amava o mar e amava Cascais. Começou por ser pescador e sempre colocou os seus barcos à disposição de quem queria aprender, sem pedir contrapartidas. Depois a vela falou mais alto e foi nesta modalidade desportiva que se sagrou campeão por diversas vezes, tendo ainda participado nos Jogos Olímpicos de 1972, 1984 e 1988. A sua morte prematura aos 40 anos aconteceu precisamente na baía de Cascais, num dia de tempestade em que tentava salvar os seus barcos. Nesta praça estão sediadas todas as entidades ligadas ao mar.

Junto à Praia dos Pescadores, ganha especial relevo o Palácio Seixas que o rico aristocrata aqui mandou construir em 1916 com uma arquitectura de inspiração medieval e que acabou sendo um elemento fundamental da paisagem costeira. Actualmente está aqui instalada a Capitania do Porto de Cascais.


No lado oposto e marcando a Praça 5 de Outubro encontra-se a estátua de D. Pedro I que em 1364 concedeu Carta de Vila a Cascais. Ao fundo, a Casa do Relógio é um edifício do século XV que funcionou como prisão e onde mais tarde estiveram os Paços do Conselho e os serviços das Finanças.

Ainda nesta praça está a Câmara Municipal de Cascais que integra o Museu da Vila. Aqui os visitantes tomam contacto com a História do concelho desde o período neolítico com fotos, achados arqueológicos e exibições multimédia. O museu está aberto todos os dias entre as 10h e as 18h e a entrada é gratuita.

Seguindo a linha de mar e apreciando a paisagem, os passos levam-nos ao longo da Avenida D. Carlos I e até à Cidadela de Cascais, cuja construção teve início no século XV com a função de defender aquele trecho de costa. O espaço foi depois usado como residência de Verão da Casa Real e mais tarde por vários Presidentes da República. Desde 2012 que aqui funciona a Pousada de Cascais, uma unidade hoteleira de muito prestígio.



Em 2014 foi aqui criado o Cidadela Art District, um centro de exposição de arte ao ar livre. Foi na Cidadela de Cascais que, em 28 de Setembro de 1878, foi inaugurada a iluminação eléctrica do país.



Aqui está instalada a residência de Verão do actual Presidente da República. É possível visitar o palácio e a capela de Nossa Senhora da Vitória de terça-feira a domingo das 10h às 13h e das 14h às 18h. Preço: 4€/adultos e 2,50€/séniores. A visita é gratuita até aos 14 anos e para desempregados.


Continuando a minha incursão sem pressas dei por mim à porta do Centro Cultural de Cascais, antigo Convento de Nossa Senhora da Piedade datado do século XVII. O Centro Cultural funciona aqui desde 2000 e está vocacionado para as artes visuais. Está aberto ao público de terça-feira a domingo entre as 10h e as 18h. O bilhete custa 3€/adultos e 1,50€/pessoas com mobilidade reduzida e desempregados. A entrada é gratuita até aos 11 anos.

É no Parque Marechal Carmona, construído em 1940, que está localizado o Museu-Biblioteca dos Condes de Castro Guimarães. O edifício mandado construir em 1890 chama a atenção pela sua torre medieval.


Do seu espólio destacam-se pinturas, esculturas, baixelas do século XVII, ourivesaria, porcelanas orientais e mais de 25 mil livros entre os quais se realça uma enorme colecção de mais de 2800 biografias! O museu está aberto de terça-feira a domingo entre as 10h e as 17h. Ao fim de semana encerra entre as 13h e as 14h. A entrada custa 4€/adultos e 2€/séniores. O ingresso é gratuito até aos 18 anos e para desempregados. Dentro do parque está também a Ermida de São Sebastião que data de 1594.


Mais à frente chego aos dois pontos de destaque deste passeio: a Casa de Santa Maria e o Farol-Museu de Santa Marta. A Casa de Santa Maria erguida em 1902, foi mandada construir por um aristocrata ligado à indústria tabaqueira. O arquitecto escolhido foi Raul Lino.


Em 1917 a casa foi vendida ao irmão do arquitecto que era um grande coleccionador de arte. No seu interior destaca-se a enorme colecção de azulejos artísticos do século XVII que cobrem as paredes de todas as divisões da casa. O tectos de madeira são preciosos. O da sala de jantar é pintado a óleo com caravelas do tempo dos descobrimentos portugueses.




Os átrios com vista para o Oceano Atlântico, Ribeira dos Mochos e Farol de Santa Marta, são zonas de uma grande tranquilidade e de onde não apetece sair. Nesta casa foram recebidas personalidades ilustres como o Rei Humberto II de Itália, os Duques de Windsor ou os Condes de Barcelona. O espaço acolhe conferências, apresentação de livros e outros eventos. Pode também ser solicitado para a realização de casamentos.


Paredes-meias com a casa, fica o Farol de Santa Marta inaugurado em 1868 e que ainda se mantém em laboração. O museu aqui integrado, abriu ao público em 2007 e é o único no país a conjugar espaço de exposição com função de sinalização costeira.



A área do museu está nas antigas instalações dos faroleiros e explica muito bem a real importância dos faróis para a navegação, a sua tecnologia e funcionamento. Aqui podemos perceber melhor o modo de vida solitário dos faroleiros, as ocorrências que eles registavam, os objectos que usavam no dia-a-dia e as ferramentas com que reparavam avarias. No auditório passa um filme muito interessante, com 15 minutos de duração, sobre os 500 anos de História dos Faróis de Portugal.



A subida à torre proporciona a oportunidade de apreciar paisagens de grande beleza tanto para o Oceano Atlântico como para a Marina de Cascais. O museu está aberto de terça-feira a domingo das 10h às 18h. A subida à torre do farol faz-se de quarta-feira a domingo das 10h30 às 12h e das 14h30 às 17h. Por razões de segurança, a subida não se efectua em dias de chuva ou muito vento. O bilhete é válido para fazer as duas visitas (Casa de Santa Maria e Farol-Museu) e custa 5€/adultos e 2,50€/séniores, sendo gratuita até aos 18 anos e para desempregados. A entrada é livre no 1º domingo de cada mês.




É claro que Cascais tem muito mais para mostrar, mas o passeio hoje ficou por aqui e é uma sugestão para um dia bem passado e diferente nesta vila portuguesa que em 2014 recebeu o Prémio de Melhor Destino Sustentável do Mundo e já este ano foi galardoada com o Prémio de Melhor Autarquia na área do Turismo.

♥ Boa viagem ♥