Varsóvia é a capital da Polónia desde 1596. A maior cidade do país, com quase 2 milhões de habitantes, cresceu nas margens do Rio Vístula sendo hoje uma metrópole fortemente industrializada, nunca esquecendo a cultura. A Universidade de Varsóvia, a Orquestra Filarmónica, o Teatro Nacional e a Ópera são entidades sobejamente conhecidas e muito procuradas por estudantes de todo o Mundo.



Fryderyk Szopen e Manya Sklodowska são dois grandes representantes do que de melhor se faz pela cultura em Varsóvia. Quem são eles? Estou a falar de Chopin e de Marie Curie, respectivamente! Nascido às portas da capital, Chopin aqui estudou e aqui deu o primeiro concerto oficial com apenas 19 anos!

Marie Curie, também aqui nascida, foi a primeira pessoa a receber dois Prémios Nobel: em 1903 foi galardoada com o Prémio Nobel da Física e em 1911 recebeu o Prémio Nobel da Química.

Varsóvia é uma cidade resolvida com o passado, feliz com o presente e de olhos postos no futuro. Quando chegámos percebemos logo que estávamos a entrar em contacto com uma cidade alegre, moderna, de mente aberta e muito colorida.

A sua origem remonta à Idade Média. As muralhas que a circundavam assim como todos os edifícios, foram meticulosamente reconstruídos após a destruição maciça de que foi alvo durante a Segunda Guerra Mundial. A UNESCO reconheceu este esforço e declarou a Cidade Velha como Património Mundial da Humanidade em 1980.

A partir do século XIV a cidade cresceu para fora das suas muralhas e desenvolveu-se para lá das margens do Rio Vístula. Em 1939, 35% dos habitantes de Varsóvia eram judeus. Nessa altura rebentou a Segunda Guerra Mundial! Em 1940 os alemães criaram um Gueto onde encerraram 450 mil judeus até serem enviados para os campos de concentração.

Foi também nesse ano que se deu o Massacre de Katyn. Vinte e dois mil oficiais poloneses, polícias e civis intelectuais tais como professores, pesquisadores, artistas, advogados, comerciantes e padres, foram vítimas deste genocídio acusados de espionagem!

Em 1943 acontece a revolta judaica e o Gueto foi arrasado. No ano seguinte os polacos revoltam-se e travam-se de razões com russos e alemães. A luta durou 63 dias. A cidade ficou completamente arrasada. Dois terços dos habitantes morreram ou foram deportados. Quando a guerra terminou, vários países reconhecendo a garra deste povo prontificaram-se a ajudar na minuciosa reconstrução que foi levada a cabo.

Hoje em dia Varsóvia recebe de braços abertos e com orgulho, os milhões de turistas que têm o privilégio de visitar esta cidade aberta para o Mundo. Nós começámos por ir conhecer o Parque Lazienki, o maior da cidade.

Neste local onde originalmente se encontrava uma floresta selvagem nasceu, no século XVII, o grande pulmão da cidade. A magnífica arquitectura dos edifícios aqui inseridos é digna de ser apreciada, mas o grande protagonista é, sem dúvida, o Palácio sobre a Água que, por estar construído em cima de uma ilha artificial, parece flutuar sobre o Lago Lazienki.


Este palácio era um pavilhão de banhos privado e só mais tarde foi transformado em residência para uso do último Rei da Polónia, Stanislaw August Poniatowski. Agora no seu interior funciona um museu e galeria de arte com obras de Rubens e Rembrandt.


Outros edifícios do parque podem também ser visitados tais como o Laranjal onde está patente uma grande exposição de esculturas. As visitas de interior podem ser feitas de 2ª feira a sábado das 9h às 16 horas encerrando ao domingo. Os preços variam entre os 10 PLN e os 25 PLN. Há um bilhete único com o custo de 40 PLN para quem quiser fazer todas as visitas. As entradas são gratuitas à 5ª feira.

Outra atracção do parque é o monumento a Chopin. A estátua original foi construída em 1926 mas não escapou à violência da guerra. O exemplar que podemos apreciar agora, foi terminado em 1958. No Verão o local ganha outra vida, pois à sua volta pode assistir a concertos de piano ou espectáculos teatrais, completamente gratuitos! No anfiteatro também se realizam exibições de ballet e dança contemporânea. O acesso aos jardins é de entrada livre, todos os dias entre as 8h e as 21 horas.

Em seguida fomos à descoberta dos outros encantos da cidade. Ao passar na rotunda Charles de Gaulle vimos a famosa Palmeira Imperial de Varsóvia, que parece verdadeira mas é de plástico! Trata-se de uma peça de arte da autoria de Joanna Rajkowska que não recolhe consenso entre os habitantes da cidade.

Este país é muito católico e então não se admire se encontrar uma igreja em cada esquina. Aqui na cidade há centenas de igrejas, todas de inquestionável beleza. Bem perto da rotunda está a Igreja de St. Alexander, construída no século XIX por ocasião da visita de Alexander I – Czar da Rússia. A sua arquitectura foi baseada no Panteão de Roma. Depois da guerra foi reconstruída de forma simplificada.

Quando chegámos à Cidade Velha de Varsóvia, logo percebemos que os polacos enfrentaram sem medo o desafio da reconstrução… e saíram-se muito bem! A marcar a Praça do Castelo está a Coluna de Sigismundo construída em 1644 em homenagem ao Rei que levou a capital do país para Varsóvia. É um dos monumentos mais antigos do Norte da Europa.

Em frente, o Castelo Real de Varsóvia não é um castelo convencional no que diz respeito à sua arquitectura. Aqui viveu a Monarquia do país a partir do século XIV. A sua estrutura foi evoluindo ao longo dos séculos, tendo sofrido várias reconstruções, depois de devastado e saqueado. Aqui foi elaborada a Constituição polaca em 3 de Maio de 1791, a primeira Constituição Nacional moderna codificada da Europa e a segunda mais antiga do Mundo.

A fachada do castelo, construída em tijolo, tem 90 metros de comprimento e a torre central tem 60 metros de altura com um enorme relógio de cobre com ponteiros dourados.

Hoje em dia o castelo recebe os visitantes oficiais e figuras de Estado, mas também é um museu. Lá dentro, obras de arte, aposentos reais, sala do parlamento, tapetes orientais e objetos de arte decorativa estão patentes ao público todos os dias das 10h às 16 horas e no Verão até às 18 horas. O preço do ingresso são 30 PLN e a visita é gratuita ao domingo.

Mesmo aqui ao lado fica a Igreja de Santa Ana, uma das mais antigas da cidade. A sua fachada em tom pastel transporta paz para o exterior. O início da sua construção deu-se no século XV adquirindo estilos gótico e barroco.

O interior da igreja mais bem decorada da cidade é rico em obras de arte. Vale a pena assistir a uma missa para ouvir o espantoso coral da igreja acompanhado pelo majestoso órgão. Durante as missas não são permitidas fotos. Procure ainda, no seu interior, a placa alusiva à visita do Papa João Paulo II.

Pela módica quantia de 5 PLN pode subir à torre do sino de onde avista toda a Praça, o Rio Vístula e o Estádio Nacional.

Chegamos à Praça do Mercado. À sua volta prédios coloridos com pormenores arquitectónicos dignos de registo. No centro, o símbolo da cidade: a sereia! Diz a lenda que Sawa, a sereia, foi salva por um pescador de nome Wars, das mãos de um mercador que a queria vender. Como prova de gratidão, a sereia prometeu protecção eterna àquela localidade que passou a chamar-se Warszawa.


Nesta praça acontecia tudo, desde as principais feiras e mercados às execuções públicas. Agora é aqui o principal ponto de encontro da cidade. As suas esplanadas muito floridas estão sempre cheias de gente que gosta de usufruir do ambiente e também da gastronomia polaca, já que aqui em volta estão também concentrados os melhores restaurantes.

Nós almoçámos no Restaurante Bazyliszek. A comida era muito boa e o ambiente muito acolhedor. Na Praça do Mercado pode ainda visitar o Museu da História de Varsóvia que está aberto de 3ª feira a domingo das 10h às 19 horas. A entrada custa 20 PLN mas é gratuita à 5ª feira.

A Catedral Basílica de S. João Batista é um dos lugares culturais mais importantes de Varsóvia. O edifício original em estilo gótico, datado do século XIII, serviu de igreja paroquial e capela do castelo e foi aumentado ao longo do tempo. Aqui tiveram lugar casamentos reais, coroações, consagrações episcopais e funerais. Foi também aqui que foi feito o juramento da Constituição da Polónia.

No seu interior destaca-se a abóbada em forma de estrela e o altar principal com figuras esculpidas em madeira. A sua fachada principal assemelha-se a um órgão e foi aqui que, curiosamente, se realizou por várias vezes o Festival Internacional de Música de Órgãos. A entrada para visitas tem o preço de 5 PLN e é feita de 2ª feira a sábado das 10h às 17 horas e ao domingo das 15h às 17 horas.

Nas traseiras da Catedral e numa pequena praça meio escondida, está um sino que marca o local onde havia um cemitério paroquial. O povo polaco acredita em muitas crenças: diz-se que dá sorte dar 3 voltas ao redor do sino! Não custa tentar não é?

Outra igreja por onde passámos foi a de San Martin construída no século XIV. No século XVIII foi-lhe acrescentada uma fachada ondulada que lhe aumentou a beleza arquitectónica.



Passando os muros de defesa da cidade e a Torre Barbican, posto fortificado de vigia e protecção construído em 1540, chega-se à Cidade Nova que de nova só tem o nome porque ali se encontram construções que remontam ao século XIV.


Aqui se concentram muitas igrejas, monumentos, museus e edifícios estatais e também uma vida cultural intensa.


O Museu Polin da História dos Judeus Polacos está construído no local do antigo Gueto de Varsóvia. Polin significa “descansar aqui” e a exposição descreve a vida da maior comunidade judaica do Mundo até ao Holocausto. O edifício moderno foi inaugurado em Junho de 2007.

Devido aos programas culturais e educacionais que aqui têm lugar, o museu ganhou em 2016 o prémio de Museu Europeu do Ano. O museu está aberto nos dias úteis das 10h às 18 horas e ao sábado e domingo até às 20h. Encerra à 3ªfeira e o bilhete de entrada custa 25 PLN. Em frente está o Memorial comemorativo da revolta do Gueto em 1943.

O Palácio da Cultura e Ciência é o imponente arranha-céu da cidade. A sua construção terminada em 1955, foi uma oferta de Estaline que fez questão de aqui deixar a sua marca e por isso nunca foi bem visto pela população que considera que a sua arquitectura faz lembrar uma época que todos querem esquecer.

O prédio tem 237 metros de altura e 33 andares. Lá dentro há de tudo um pouco desde museus a salas de conferências, cinemas, teatro, universidades, centro comercial e entretenimento. No 30º piso existe um deck panorâmico aberto ao público todos os dias das 10h às 20 horas cujo acesso custa 20 PLN.

O Jardim Saxão é o parque público mais antigo da cidade, construído no século XVII. O jardim, muito bem cuidado e estimado como é hábito por aqui, está decorado com várias esculturas e uma fonte central construída em 1855. Ao fundo está o Túmulo do Soldado Desconhecido.


Por fim, era obrigatória a visita ao Parque Wilanow e nós lá fomos. Este complexo engloba o palácio com o mesmo nome, museu, igreja e magníficos jardins e lagos. A sua construção em estilo barroco, foi ordenada no século XVII para ser a residência do Rei João III Sobieski, tendo sido ampliada pelos ocupantes que lhe sucederam.



Em 1805 foi criado o Museu de Arte Europeia e Oriental. O Parque e Palácio de Wilanow são a demonstração do esplendor da vida na alta sociedade polaca. Também aqui se realizam vários concertos e outros eventos culturais.


Os jardins têm acesso livre todos os dias entre as 9h e as 21 horas. O parque reserva-se o direito de encerrar mais cedo se as condições climatéricas não forem favoráveis. A visita ao palácio e museu faz-se todos os dias das 9h30 às 16 horas menos à 3ª feira, dia em que estes espaços se encontram encerrados. O bilhete de ingresso tem o preço de 20 PLN mas é gratuito à 5ª feira.


Para vir até ao Parque Wilanow pode apanhar um autocarro no centro da cidade. Os transportes públicos são muito eficazes e pontuais. Pode comprar o bilhete numa das muitas máquinas espalhadas pela cidade ou ao motorista, mas ele pode não ter troco para lhe dar. Uma vez comprado, o bilhete é válido para qualquer transporte (autocarro, metro ou comboio urbano) e o seu preço é definido pelo tempo que pretende usá-lo. Por exemplo um bilhete para 75 minutos custa 4,40 PLN, um bilhete diário custa 15 PLN e um bilhete de fim-de-semana custa 24 PLN. Todas as paragens têm o horário e percurso do transporte. O autocarro 180 é o mais usado pelos turistas porque percorre a chamada “Rota Real” entre a Cidade Velha e Wilanow.

Antes de nos despedirmos da cidade ainda fomos jantar no Restaurante Típico kasczma u Dedka, perto do Estádio Nacional. O serviço foi excelente. Assistimos a uma exibição de danças tradicionais polacas e ainda acabámos a dançar também.


Varsóvia renasceu das cinzas à custa de um povo que, com garra e determinação, conquistou a sua liberdade e o seu lugar no “velho continente”. Uma cidade tranquila, orgulhosa e feliz que espera a sua visita.

♥ Boa viagem ♥
Guia prático
♦ Quando ir
Varsóvia é uma cidade com um clima temperado e frio. A chuva é uma constante ao longo de todo o ano. Os Verões têm temperaturas máximas de 25ºC e noites por vezes frescas. O mês de Julho é o mais chuvoso. No Inverno as temperaturas podem descer aos -5ºC e é frequente nevar.
♦ Como ir
Várias companhias aéreas fazem a ligação de Lisboa para Varsóvia. Nós viajámos com a TAP Portugal em voo directo que teve a duração de aproximadamente 4 horas.
♦ O que vestir
No Inverno todo o tipo de agasalhos fazem falta para combater o frio que se faz sentir. O calçado deve ser resistente à humidade e antiderrapante por causa da neve. No Verão opte por roupas mais leves e um agasalho para a noite. É imprescindível usar calçado prático se quiser percorrer a pé os principais pontos da cidade. O chapéu de chuva é indispensável.
♦ Alojamento
A cidade tem um sem número de alojamentos disponíveis para todos os gostos e todas as bolsas. Nós ficámos alojadas no Hotel Radisson Blu Center com um serviço excelente e um pequeno almoço fantástico.
♦ Informações importantes
Visite o nosso Guia de Viagem para a Polónia onde encontrará indicações úteis sobre a entrada e permanência no país.
Bom dia
gostaria de saber se este roteiro foi feito num unico dia
obrigada
Sónia ramos
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Boa tarde Sónia. Estivemos em Varsóvia dois dias e duas noites. Obrigada pelo contacto. Disponha sempre.
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