A ideia pré concebida de que a Hungria não tinha grande interesse, caiu completamente por terra quando tive oportunidade de conhecer a sua capital, Budapeste. Efectivamente, a cidade soube acompanhar a evolução dos tempos e conseguiu fundir a sua História com o seu lado moderno, tornando-se fascinante para quem a visita. Budapeste é atravessada pelo Danúbio, o segundo rio mais extenso da Europa, que serviu de inspiração a Johann Strauss (após um passeio de barco pelo seu leito) para criar a famosa valsa “O Danúbio Azul”, em 1867.

Budapeste é vista como uma das cidades mais belas da Europa, a sexta mais visitada, sendo também um dos maiores destinos turísticos do mundo! Confesso que só depois de lá chegar é que tive noção da beleza e da importância desta cidade no seio do nosso continente, mas fiquei imediatamente rendida.

O rio divide a capital em duas zonas distintas. Datam do ano 1 a.C, as primeiras construções na margem direita do Danúbio que mais tarde viriam a dar origem à cidade de Buda. Do outro lado do rio, começou a formar-se uma povoação à qual deram o nome de Peste. A História desta cidade é tão extensa, que vou apenas dizer que, no meio de imensas guerras e decisões políticas, passos à frente e atrás, a fusão das duas localidades foi finalmente restabelecida em 1873, ficando definitivamente a chamar-se cidade de Budapeste. Do lado de Peste a região é plana, mas do lado de Buda está a zona mais montanhosa onde a mais alta colina fica a 527 metros acima do nível do mar.

Budapeste é a única capital do mundo que possui águas termais. Aqui existem 125 nascentes com temperaturas que podem atingir os 58ºC. Há vários complexos de banhos espalhados pela cidade, instalados em lindos edifícios apalaçados. O complexo termal de Szechenyi é o maior da Europa, recebendo dois milhões de pessoas por ano! O preço da entrada anda à volta dos 3600 HUF (12€).

Começamos a nossa visita pelo bairro de Buda onde se encontra o Castelo de Buda ou Palácio Real, que começou a ser construído em 1247, no alto da colina.

As vistas daqui para o rio, as suas pontes e a outra margem, são divinas. O local pode ser visitado gratuitamente, todos os dias das 10h às 18 horas.

Ao lado, o Bastião dos Pescadores é um dos monumentos mais lindos de Budapeste. Foi construído entre 1895 e 1902 no local onde se faziam as transacções comerciais de peixe e para homenagear os pescadores, fiéis defensores da sua cidade.

Em estilo neogótico e neoromântico, o principal miradouro da cidade tem sete torres. A visita é gratuita mas para subir às torres tem que pagar 700 HUF (aprox. 2.25€). Na minha opinião, não vale a pena porque a vista é igual.

Neste local ocupa lugar de destaque a estátua erguida a Estêvão, o Grande, primeiro Rei da Hungria.

Um pouco mais recuada, está a Igreja Matthias. O edifício actual foi construído no século XIV em estilo gótico e completamente restaurado no século XIX. Esta igreja católica pode ser visitada das 9h às 17 horas. O ingresso custa 1500 HUF e é proibido fotografar durante os serviços litúrgicos.

Neste recinto e em frente da antiga Prefeitura de Buda encontra-se a coluna da Santíssima Trindade.

Junto à Ponte das Correntes há um funicular que o leva até ao Bairro de Buda, se não quiser fazer o percurso a pé.

Passamos para o lado de Peste e a chegada ao Parlamento húngaro foi apoteótica. Aquele conjunto arquitectónico impondo-se na margem do rio, é uma visão fantástica. Para além de ser o maior edifício da Hungria, é também o maior Parlamento da Europa. Em 1880 a Assembleia Nacional lançou um concurso para a sua construção, em que saiu vencedor Imre Steindl.

No entanto, os planos dos outros dois concorrentes foram considerados tão bons que também acabaram concretizados na Praça Kossuth Lajos, em frente do Parlamento, em cujo jardim está uma estátua em honra do político húngaro que dedicou a sua vida à luta pela independência do país.

A inauguração do Parlamento deu-se em 1896. A título de curiosidade, o arquitecto do edifício foi acometido de cegueira antes que pudesse ver a sua obra concluída. Este conjunto comporta 700 salas que ostentam beleza e riqueza.

Na sala central, onde se situa a cúpula, guarda-se a coroa do primeiro Rei húngaro, Santo Estêvão. As visitas são todos os dias das 8h às 18 horas, encerrando às 16 horas durante o Inverno. O preço do ingresso para cidadãos da União Europeia é de 2200 HUF. Cidadãos do resto do mundo pagam 5400 HUF. Os estudantes têm uma redução de 50% nas tarifas.

Conte com filas porque a afluência é sempre grande e também com um controle de entrada como nos aeroportos. É também pedido aos visitantes algum decoro na forma de vestir para fazer esta visita.


O Ministério da Agricultura e o Museu Etnográfico são as outras duas obras premiadas de que lhe falei.

O Museu funcionou primeiro como Ministério da Justiça. Aqui encontra exposições interessantes sobre a cultura tradicional húngara, de terça-feira a domingo das 10h às 18 horas. A entrada custa 1400 HUF mas os cidadãos da União Europeia só pagam metade.

A maravilhosa Basílica de Santo Estêvão é a maior igreja da Hungria, com capacidade para 8.500 pessoas. Começou a ser construída em 1851 em estilo neoclássico e é o mais alto edifício da cidade com 96 metros. Numa das suas torres está instalado o maior sino do país.


Devido à robustez das suas paredes, a Basílica foi usada para guardar obras de arte e documentos importantes durante a Segunda Guerra Mundial. Se puder, venha até aqui à noite para apreciar a beleza deste monumento iluminado. As visitas decorrem de segunda a sexta-feira das 9h às 16 horas, aos sábados das 9h às 13 horas e aos domingos das 13h às 16 horas. O ingresso custa 400 HUF.


Partimos agora numa incursão pela principal avenida da cidade, a Avenida Andrássy, toda ela ladeada de belas casas e palácios neorrenascentistas e onde se encontram as mais famosas boutiques mundiais. Quando, em 1884, esta via foi construída e baptizada com o nome do Primeiro-ministro que incentivou a sua construção, todos os aristocratas e famílias históricas fixaram aqui residência. Em 1896 foi inaugurada a rede de Metro (a segunda mais antiga da Europa) porque o Governo opunha-se ao transporte de superfície naquela via. A Ópera Estatal Húngara é um dos principais palcos da Europa e foi inaugurada em 1884.

Mais à frente, a Casa do Terror parece nome de local de diversão, desses que encontramos nos parques temáticos… mas não é nada disso. Este prédio construído em 1880 e que se enquadrava na beleza arquitectónica da avenida, escondia os horrores cometidos pelas polícias políticas e nazistas. Quem ali entrava sabia que não voltava a ver a luz do dia. Hoje em dia alberga um museu que conta a história das atrocidades ali cometidas. A sua exposição pode ser vista de terça-feira a domingo, das 10h às 18 horas e o ingresso custa 2000 HUF, sendo gratuito para pessoas com deficiência e acompanhante.

E chegamos então à Praça dos Heróis que, juntamente com o Bairro do Castelo de Buda, as margens do Danúbio e a Avenida Andrássy, faz parte do Património Mundial da UNESCO desde 1987.

Esta praça está ladeada pelo Museu Nacional das Belas Artes, que neste momento se encontra encerrado para obras de remodelação e também pelo Museu das Exposições Artísticas.


No centro e com uma presença bem marcante, está o Memorial do Milénio com estátuas dos fundadores da Hungria e outras personalidades importantes da sua História.


Perto daqui fica o Parque Városliget e, acreditem, vale a pena a visita. Ali dentro encontra o Castelo Vajdahunyad, construído em 1897, que na realidade não é um castelo mas sim uma sequência de edifícios interligados, com vários estilos arquitectónicos, que mais parecem uma exposição a céu aberto e que fizeram parte da História do país.



Um belíssimo lago funciona como elo de ligação entre todas as áreas dos belos jardins. Aqui se realizam várias exposições e espectáculos ao ar livre, durante o Verão. Também é aqui que está instalado o Museu da Agricultura, o maior do género na Europa.

Também nos cruzámos com a Estátua do Anónimo, criada para homenagear o cronista húngaro que expunha a sua visão sobre a Hungria medieval, mas que nunca se identificava.

Nós gostamos muito de mercados e tentamos visitar um em todas as cidades, até porque estes espaços dizem-nos um pouco sobre o modo de vida dos diferentes povos. Estivemos no Central Market Hall, que está instalado num edifício muito interessante junto à Ponte da Liberdade e onde se vende de tudo, mas mesmo tudo o que possam imaginar. Encontra-se aberto de segunda a sexta-feira das 6h às 18 horas e aos sábados encerra às 15 horas.


Continuamos a vaguear pela cidade para lhe sentirmos o pulsar, porque aqui não falta divertimento, bares, restaurantes, esplanadas e acontecimentos culturais. Encontrámos o New York Café que atrai a curiosidade pela sua beleza.

Instalado num edifício de estilo renascentista, abriu em 1894 e já recebeu o título de “café mais bonito do mundo”. Hoje em dia faz parte do Hotel New York Palace Boscolo, que adquiriu toda a propriedade.

Ainda fomos espreitar a monumental Sinagoga de Budapeste, construída em meados do século XIX e que é a maior da Europa e segunda maior do mundo, com capacidade para 3.000 pessoas. Os seus tijolos coloridos e as suas torres com cúpulas negras e douradas dão-lhe um aspecto personalizado que chama a atenção, assim como os seus relógios oitocentistas. O seu interior é riquíssimo, repleto de lustres, madeiras nobres e talhas douradas. As visitas começam às 10 horas, só podem ser feitas com guia e é obrigatório cobrir a cabeça. A hora de encerramento não é fixa mas a Sinagoga está fechada ao sábado. O ingresso custa 3.000 HUF e 2.000 HUF para estudantes. Se pretende fotografar no seu interior tem que pagar 600 HUF.

E depois de tudo isto vai-me dizer que não ficou cheio de vontade de conhecer Budapeste? Claro que ficou… mas não pode deixar a cidade sem fazer um passeio de barco no Rio Danúbio! Sobre isso vou falar num outro post. Reserve alguns dias das suas férias e parta à descoberta da maravilhosa cidade de Budapeste.

♥ Boa viagem ♥
Guia prático
♦ Quando ir
Budapeste tem um clima temperado, caracterizado por acentuadas diferenças de temperatura durante as quatro estações do ano. No Inverno é frequente nevar e os termómetros raramente ultrapassam os 5ºC. No Verão as temperaturas atingem com frequência os 30ºC. Curiosamente, a época mais chuvosa é entre Maio e Agosto.
♦ Como ir
São várias as companhias aéreas que voam directamente de Lisboa para Budapeste. Nós viajámos na TAP Portugal que tem voos diários para aquele destino.
♦ O que vestir
Seja qual for a altura da sua viagem, deve sempre fazer-se acompanhar de um corta-vento, casaco, chapéu de chuva e sapatos bons para suportar mudanças repentinas de tempo.
♦ Alojamento
A cidade está muito bem servida de alojamentos para todos os gostos e bolsas. Nós ficámos muito bem instaladas no Hotel Hungaria City Center, muito perto da Estação Ferroviária de Budapeste. O serviço foi impecável e a comida excelente.
♦ Transportes
A cidade de Budapeste é servida pelo Aeroporto internacional Ferenc Liszt. Da Estação Central Ferroviária Keleti partem e chegam ligações de todos os cantos da Europa. Os transportes públicos da cidade funcionam muito bem, apesar de a rede de Metro contar com apenas quatro linhas.
♦ Segurança
Apesar de ser uma cidade segura, é preciso ter em consideração que “o inimigo está sempre à espreita”. Tenha cuidado com os seus bens nas zonas de maior ajuntamento e à noite evite passear por ruas pouco frequentadas.
♦ Informações importantes
Visite o nosso Guia de Viagem para a Hungria onde encontrará indicações úteis sobre a entrada e permanência no país.
Boa tarde
Quantos dias aconselham na cidade para fazer as visitas que indicam?
obrigada
Sónia Ramos
GostarGostar
Bom dia Sónia. Eu diria que 3 a 4 dias é o tempo ideal para conhecer essa cidade. É claro que esta avaliação depende do que as pessoas estão dispostas a andar. Os transportes funcionam bem mas nós andámos muito a pé porque gostamos de o fazer. Boa viagem e disponha sempre.
GostarGostar
Muito obrigada pela resposta e pela simpatia. Eu também gosto muito de andar ! Sónia
GostarGostar
Disponha sempre. Quando criamos o blog, foi no sentido de partilhar experiências sobre os locais que visitámos e assim poder ajudar com o máximo de informação que conseguimos recolher.
GostarGostar
Vou é breve e vou fazer Budapeste Salzburgo Viena e Praga. Quais os melhores sítios p comer. Obrigada. Adorei a vossa descrição. Oas viagens.
GostarGostar
Boa tarde Maria Rodrigues e obrigada pelo contacto. Nós fizemos as viagens por essas cidades inseridas em circuito organizado com tudo incluído, pelo que fizemos as refeições quase sempre nos hotéis onde ficamos, mas o nível de vida é idêntico ao de Portugal e há muito onde fazer refeições razoáveis sem pagar muito. Salzburgo pareceu ser a excepção uma vez que o nível de vida aí já é um pouco superior. Boas viagens e disponha sempre.
GostarGostar