Portugal é um país rico em tesouros culturais, arquitectónicos, naturais, gastronómicos e por aí fora. Fomos visitar a majestosa Quinta da Regaleira, situada a 25 Km de Lisboa, na bela Vila de Sintra cujo Centro Histórico é Património Mundial da UNESCO desde 1995. Esta quinta tem como edifício principal, o Palácio da Regaleira, rodeado por magníficos jardins, lagos, grutas e algumas construções enigmáticas ligadas à Maçonaria e aos Templários.

Os seus luxuriantes jardins constituídos por uma enorme diversidade de espécies arbóreas, são resultado do microclima da Serra de Sintra e dos nevoeiros constantes que lhe conferem uma aura de mistério. Estes jardins são ainda suportados por um complexo sistema de rega que inclui 10 minas, 1 aqueduto e 12 depósitos de água.

A documentação histórica relativa aos primórdios da Quinta da Regaleira é muito escassa. Sabe-se que esta já existia em 1697, mas não com este nome. O actual nome da quinta foi-lhe atribuído em 1830 por Manuel Bernardo, o proprietário na altura.

Em 1892 a propriedade foi adquirida por António Augusto de Carvalho Monteiro, herdeiro de uma grande fortuna familiar. A partir daí e até 1910 leva a cabo a maior parte das construções existentes na quinta, juntamente com o arquitecto Luigi Manini que já tinha no seu currículo as obras do Teatro alla Scala de Milão, o Real Teatro de S. Carlos ou o Hotel do Buçaco.

Carvalho Monteiro quis ali imortalizar o passado glorioso de Portugal recriando construções em estilo manuelino e gótico e também com símbolos de temas esotéricos aos quais estava muito ligado.

A mata que ocupa grande parte dos 4 hectares da quinta, não está disposta ao acaso. A parte de baixo é mais ordenada e cuidada e à medida que vamos subindo, ela vai-se tornando mais densa e selvagem.

Logo depois da entrada encontra-se o Patamar dos Deuses que é a Alameda que começa na Loggia de Pisões e por onde se perfilam 9 estátuas dos Deuses Greco-Romanos.



O Poço Iniciático é uma galeria subterrânea com uma escadaria em espiral constituída por nove patamares sustentados por colunas esculpidas. Este nome foi atribuído ao poço porque se julga ter sido usado em rituais de iniciação à Maçonaria. Este local simboliza ainda o útero materno de onde vem a vida e a sepultura para onde voltará.


Há ainda o Poço Imperfeito, formado por pedras toscas intercaladas e cujo significado é o da inatingível perfeição. O fundo do poço dá acesso ao labirinto de túneis.

A Gruta do Labirinto e o Lago dos Cisnes têm um grande peso simbólico. A água que aparece por todo o lado é vista como um elemento purificador.

As grutas são artificiais, envolvendo aqui três elementos essenciais da Mitologia e do Esoterismo: a Terra por onde as grutas nos levam, a Água porque encontramos lagos interiores e exteriores às grutas e o Ar porque há múltiplas aberturas por onde podemos sentir a brisa ao passar.


O quarto elemento, o Fogo, aparece subtilmente representado por luzes, porque antigamente só se percorriam os túneis mais escuros com velas ou tochas.

A Capela da Santíssima Trindade é lindíssima. No altar-mor está uma linda obra representando Jesus, depois de ressuscitar, a coroar Maria. Os seus admiráveis vitrais também contam passagens da Bíblia.


O Portal dos Guardiães foi criado com a finalidade de incluir um teatro na propriedade. Aqui existe um amplo espaço que era destinado à plateia. Também aqui se encontra outra entrada para o Poço Iniciático.

O Terraço dos Mundos Celestes contrapõe o paraíso e o mundo subterrâneo, criando assim uma propagação pelo infinito.

A Gruta da Leda é um recanto onde, a figura de uma mulher com uma pomba na mão e ao lado de um cisne, significa a paz e o caminho de acesso à sabedoria e imortalidade.

A paixão de Carvalho Monteiro pela Botânica está bem patente na Estufa da Regaleira dedicada à Deusa Flora. O edifício com fachada de pedra, tem um painel de azulejo representando um ritual de fertilidade.


A Fonte da Abundância seria um local de encontro “sagrado”, onde todas as pessoas tinham a mesma importância.

A elegante Torre da Regaleira foi construída para dar, a quem sobe, a sensação de circular no eixo do mundo. A vista lá de cima é deslumbrante.


No Terraço das Quimeras encontra-se a Fonte da Quimera e bancos de jardim com alusões à Divina Comédia de Dante.



O Palácio da Regaleira, marcado pela sua torre octogonal, foi da autoria do escultor José da Fonseca, recriando o estilo Manuelino.



Na Sala dos Reis estão algumas imagens dos governantes favoritos de Carvalho Monteiro.

O seu gosto por caçadas levou-o a criar a Sala da Caça onde se ergue uma exuberante lareira.


Em todo o palácio aparecem invocações à arte e cultura assim como ao oculto e enigmático e a biblioteca está repleta de obras sobre estes temas.

A música também tem aqui lugar com aposentos criados expressamente para o efeito. Por todo o edifício aparecem detalhes alusivos aos descobrimentos portugueses.

A Quinta da Regaleira encontra-se aberta todo o ano, das 9.30h às 20h durante o Verão e das 9.30h às 18h na estação do Inverno. O ingresso tem o preço de 6€ para adultos e 4€ para crianças. Pessoas com deficiência devem, obrigatoriamente, ser acompanhadas por um adulto, sendo o ingresso gratuito para ambos.

Esta é uma visita fascinante, que apela à nossa imaginação e sensibilidade, com cenários que nos transportam para outra dimensão…

♥ Boa viagem ♥
Olá Amiga,
Qual a melhor maneira de ir, estaremos em 5 pessoas sendo duas já com 80 anos.?
Dá para ir de Comboio?
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Olá Ana,
Tudo depende da mobilidade das pessoas em causa. Nós fizemos o percurso de carro mas penso que não vão ter problema com a viagem de comboio. Da Estação Ferroviária de Sintra à Quinta da Regaleira ainda é um bocado a andar. Ao pé da Estação, podem apanhar o autocarro 435 da Scotturb que faz o percurso “Villa Express 4 Palácios” ida e volta e saem no Palácio da Regaleira. Não há muitos a circular por isso deixo aqui o link para poderem ver os horários. http://www.scotturb.com/carreiras/horarios/inverno. Bom passeio, não se vão arrepender.
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