As viagens não precisam de ser grandes para serem inesquecíveis e estes quatro dias de visita à capital da Toscana são a prova disso. Florença é considerada uma das mais belas cidades do mundo e o seu centro histórico é Património da Humanidade pela UNESCO desde 1982.

A sua origem provém de um antigo povoado Etrusco e foi governada pela família Médici desde o início do século XV até meados do século XVIII que foi a grande responsável pelo desenvolvimento económico e cultural da cidade.

Florença teve uma influência predominante no desenvolvimento da arquitetura e das belas artes e é, hoje, considerada o berço do Renascimento. Os muitos artistas que ali nasceram e que por ali passaram deixaram à cidade uma herança histórica e artística única. Se vai a Itália e gosta de arte, esta é a cidade certa para visitar. Segundo a UNESCO, Florença tem a maior concentração de obras de arte universalmente conhecidas no mundo.

Mas Florença não é só arte. Tem os jardins, os mercados, a gastronomia, as típicas ruas pontuadas por palacetes e luxuosas lojas e o rio Arno que atravessa a cidade e que nos oferece algumas das mais belas paisagens toscanas. Foi tudo isto que viemos descobrir durante quatro dias.

À descoberta Florença
♦ Dia 1
Chegámos a Florença por volta da hora de almoço e fomos diretas para o Hotel Pierre localizado mesmo no centro da cidade, entre as Praças da República e da Senhoria.

Já estava destinado que a nossa primeira visita seria à Galeria Uffizi, um palácio que alberga um dos mais conhecidos e importantes museus do mundo. A maioria das obras foram doadas ao Grão-Ducado da Toscana pelo último descendente da Dinastia Médici. A exposição exibe obras do século XII ao século XVIII e contém a melhor coleção do mundo de obras do Renascimento.

As obras de Caravaggio, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, Ticiano, Rubens, Rembrandt e Sandro Botticelli, entre muitos outros, fazem as delícias dos amantes de arte. Conte com, pelo menos, duas horas para esta visita. Não se pode fotografar no interior mas podemos aproveitar as janelas para admirar a bela paisagem toscana.


No terraço panorâmico da cafetaria, temos vista sobre a cidade e quase temos a sensação de poder tocar a torre do Palazzo Vecchio.

A Galeria Uffizi e os Museus do Vaticano são os museus italianos mais visitados pelos turistas de todo o mundo. Se reservar o seu bilhete online, pode entrar na Galeria por uma porta exclusiva para os visitantes com reserva evitando assim as longas filas para as bilheteiras. Vale a pena mesmo pagando uma taxa pela reserva.

O resto da tarde foi dedicado à visita da Praça da Senhoria (Piazza della Signoria), a praça mais importante da cidade e o coração de Florença. Milhares de turistas passeiam por aqui, apreciando a Fonte de Néptuno, as esculturas e os palácios que fazem deste espaço um autêntico museu ao ar livre.

Num dos lados, o Palácio Velho (Palazzo Vecchio) destaca-se pela sua arquitetura medieval e pela sua torre do relógio. Atualmente é a sede da Prefeitura de Florença e um museu com várias salas com destaque para os deslumbrantes frescos dos tetos e das paredes, esculturas, tapeçarias e outros objetos. A não perder a subida às ameias com vista sobre a praça e a cidade.

Jantámos numa das muitas esplanadas existentes na praça, desfrutando deste magnifico espaço e procurando comer verdadeira comida italiana. Foi caro e a comida não era assim tão especial.

♦ Dia 2
Seguindo o nosso roteiro, saímos cedo e fomos para o Palácio Pitti (Palazzo Pitti), passando pela Ponte Vecchio ainda sem lojas abertas e sem turistas. Um privilégio para tirar fotografias.

A ponte, de arquitetura medieval, desde sempre albergou lojas e mercadores que vendiam todo o tipo de produtos. A partir do século XVI apenas foi autorizada a permanência de ourivesarias e joalharias que ainda predominam nos dias hoje juntamente com as lojas de souvenirs.

O Palácio Pitti, que também é a porta de entrada para os Jardins Boboli (Giardino di Boboli), situa-se a sul do centro histórico, na margem do rio Arno, a pouca distância da Ponte Vecchio. O edifício é de estilo renascentista e é uma das maiores galerias de arte de Florença albergando vários museus.

A sua arquitetura interior, com especial relevância para os tetos, e as salas ricamente decoradas, são simplesmente deslumbrantes. Não é permitido fotografar no interior mas, certamente, nunca mais vai esquecer o que viu.

Depois de visitar o interior do Palácio começámos, então, a visita aos jardins.

Os Jardins Boboli começaram a ser construídos em meados do século XVI pela mão dos Medici. As suas esculturas e estátuas, lagos e fontes, alamedas e plantas exóticas fazem deste espaço um dos mais belos jardins renascentistas de Itália.

Ao longo do percurso, encontramos edifícios, de relevante importância, que albergam museus e exposições. Precisámos de cinco horas para visitar tudo e acabámos por fazer um almoço rápido na cafetaria do palácio.

Os bilhetes para visitar todo o complexo (palácio, museus e jardins) estão divididos em secções. Por isso, se não tiver tempo para visitar tudo, pode comprar o bilhete só para a parte que mais lhe interessa.

A parte da tarde estava destinada a visitar algumas das mais importantes igrejas de Florença. Assim, passando novamente na Ponte Velha, agora com as lojas abertas e milhares de turistas, fomos em direção à Praça da Catedral.

A Praça da Catedral ou Praça do Duomo (Piazza del Duomo) é o centro religioso de Florença e o cartão postal da cidade. Os principais pontos de interesse são a Catedral de Santa Maria del Fiori ou Duomo, o Campanário de Giotto, o Batistério de São João e o Museu da Ópera do Duomo. O conjunto é impressionante quer pela dimensão quer pela beleza.

A Catedral levou mais de um século a ser construída, levando assim a diversos estilos arquitetónicos, e é a terceira maior igreja do mundo. A entrada para visitar a igreja é gratuita.

Para visitar o topo do Duomo, se tiver coragem, terá de subir 463 degraus em espaços escuros e estreitos. Pelo caminho vai encontrar um estreito varandim que permite apreciar os frescos da cúpula de perto.

Alcançado o topo, a vista é deslumbrante e rapidamente nos esquecemos do esforço da subida. Visita não aconselhável para quem tem medo de alturas e claustrofobia. Os bilhetes para subir ao Duomo devem ser comprados no posto em frente ao Batistério (Piazza San Giovani, 7).

Saindo da Piazza del Duomo, continuámos pela Via dei Servi e chegámos à Piazza della Santissima Annunziata. Está rodeada de edifícios renascentistas incluindo a Basílica com o mesmo nome.

Ao centro está a estátua equestre do Grão-Duque Ferdinando I, Giambologna, ladeada por duas fontes.

Já regressando para o centro, passámos na Praça de San Lorenzo onde se encontra a Basílica de San Lorenzo que é uma das maiores de Florença e onde estão sepultados os Medici. Os bilhetes para ver a Basílica e a Capela dos Medici são separados.

Em frente, demos uma volta ao animado mercado de rua (Mercado de San Lorenzo), situado em torno da Basílica, onde tudo se vende. Uma boa oportunidade para comprar umas lembranças.

♦ Dia 3
O roteiro deste dia leva-nos a destinos mais afastados do centro da cidade e começámos por visitar a Praça Michelangelo situada num dos pontos mais altos de Florença, na margem esquerda do rio Arno. A subida é difícil e por isso resolvemos ir de autocarro.

Duas linhas (n.º 12 e 13) fazem o percurso desde a Praça da Estação, onde se encontra a principal estação ferroviária de Florença, até à Praça Michelangelo. Optámos pela linha n.º 12 que tem paragem em frente à Basílica de San Miniato al Monte, o nosso primeiro destino do dia.

Ao subir a larga escadaria da entrada e adjacente à Basílica, cuja construção foi iniciada em 1018, vemos, do lado direito, o Palácio Episcopal hoje habitado pelos monges Olivetanos.

Num nível mais abaixo, vale a pena visitar o Cemitério Monumental dos “Portões Sagrados” onde estão sepultadas celebridades italianas. À volta do complexo é possível admirar a belíssima paisagem da Toscana.

Caminhando cerca de 300 metros por uma estrada ladeada de arvoredo, chegamos à Praça Michelangelo (Piazzale Michelangelo).

A praça é bastante simples, quase um parque de estacionamento com vendedores ambulantes, destacando-se, no centro, uma réplica do David de Michelangelo. No entanto, a vista sobre a cidade é de cortar a respiração. Aqui se conseguem as melhores fotografias de Florença.

De regresso à Estação Central seguimos para a Praça de Santa Maria Novella onde se situa a igreja com o mesmo nome.

A construção de Santa Maria Novella foi iniciada em 1279 só ficando concluída dois séculos mais tarde pelo que reúne vários estilos arquitetónicos como o gótico e o renascentista.

No seu interior pode-se apreciar obras de vários artistas tais como Filippo Brunelleschi, Giotto, Sandro Botticelli, Filippino Lippi entre outros.

Em seguida demos uma volta pelos mercados começando no Mercado Novo ou Loggia del porcellino, como é popularmente conhecido, por ter uma fonte com uma escultura de um javali. Diz a lenda que se esfregar o focinho do porcellino e em seguida colocar uma moeda na sua boca e, quando largar, cair na fonte, dá sorte. Não custa tentar.

O mercado data de meados do século XVI e começou por ser o local de venda de sedas e objetos preciosos e, também, chapéus de palha sendo, por isso, também chamado de Mercado da Palha. Hoje vende principalmente souvenirs e artigos em couro.

Para o almoço encontrámos um restaurante self-service. A comida era muito boa e o preço muito acessível. Fica na Via Por Santa Maria, quase a chegar à Ponte Vecchio.

Depois do almoço fomos para a Praça da República que foi o centro da cidade romana e é, hoje, palco de artistas de rua e onde, especialmente à noite, podemos assistir a alguns espectáculos.

A Praça é ladeada por elegantes edifícios, como o Hotel Savoy, e prestigiados cafés outrora frequentados por clientes famosos.

O lado oeste é delimitado por duas secções de arcadas unidas pelo Arco Triunfal.

Passando o Arco Triunfal, entramos na Via degli Strozzi onde estão concentradas as lojas das mais luxuosas marcas. Um bom momento para umas comprinhas.

Seguindo as arcadas para o lado direito encontramos o Hard Rock Café, originalmente o Cinema e Café Grambrinus.

Há procura de preços mais em conta passámos no Mercado Central que vende todos os géneros de produtos alimentares e que tem lojas e restaurantes em que pode provar a típica comida toscana.

Para acabar a tarde, uma caminhada até à Sinagoga de Florença que se localiza na Via Luigi Carlo Farini, no lado este da cidade, e que é considerada uma das mais belas da Europa.

Foi inaugurada em 1882 e alberga, no seu interior, o Museu Judaico que exibe uma coleção de objetos cerimoniais e objetos e móveis relacionados com a vida judaica. No segundo andar existe uma sala dedicada à memória do Holocausto. No espaço existe uma livraria e no exterior um grande jardim. Para entrar tem de passar por rigorosas medidas de segurança e todo o material de fotografia e vídeo tem de ficar guardado em cacifos.

Depois do jantar, como sempre, um passeio para descobrir a cidade à noite ou ver o pôr do sol no rio Arno.

♦ Dia 4
Neste último dia e ainda com a manhã livre, resolvemos fazer um passeio apreciando a cidade de forma mais descontraída e seguimos para a Praça Santa Croce onde se encontram alguns edifícios de prestígio, lojas, restaurantes e a Basílica com o mesmo nome.

A Basílica Santa Croce, construída em 1294, é uma das maiores igrejas Franciscanas do mundo. O seu interior contém valiosas obras de arte de Giotto, Donatello, Giorgio Vasari, Cimabue, entre muitos outros e abriga os túmulos de algumas das mais ilustres figuras da Toscana e de Florença tais como Michelangelo, Rossini, Niccolò Machiavelli e Galileu Galilei. No exterior podemos ver a estátua de Dante Alighieri, considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana.

Continuámos ao longo da margem do rio Arno até à ponte S. Niccolò apreciando a paisagem e a arquitetura da cidade.

Já mais longe do centro da cidade, somos brindadas com a calma dos espaços verdes que acompanham o rio.

Regressando pela margem oposta podemos apreciar a as belas paisagens que o rio oferece sobre a cidade.

Por todo o lado encontramos à venda os belíssimos gelados italianos e nós não podíamos ir embora sem comer um.

Na despedida ainda fomos surpreendidas com um espetáculo de dança em rapel no Palácio Veccio. Quase a ir embora e já estávamos com saudades.

♥ Boa viagem ♥
Guia prático
♦ Quando ir
Florença tem um clima temperado mediterrânico com invernos frios e húmidos e verões bastante quentes que podem chegar aos 35º. Se não quiser encontrar uma cidade apinhada de turistas, o ideal é evitar os meses de julho e agosto. A melhor altura para visitar a cidade é na primavera e no início do outono, quando as temperaturas são mais amenas.
♦ Como ir
Várias companhias aéreas fazem a ligação entre Lisboa e Florença mas sempre com escala noutra cidade. Para ir para o centro da cidade pode apanhar a navetta (Volainbus) da ATAF que parte da praça do aeroporto e demora cerca de 20 minutos a chegar à Praça da Estação Ferroviária de Santa Maria Novella. A paragem é bem visível e está bem identificada. As navettas partem com intervalos de 20 a 30 minutos. O bilhete simples custa 6€ mas se comprar ida e volta fica por 10€. Para quem preferir, a praça de Táxis é no mesmo local.
♦ O que vestir
Nos meses frios os habituais agasalhos e calçado a contar com a chuva. No verão, apesar do calor, pode chover ou mesmo ocorrer uma tempestade ocasional. Por isso, além de roupa fresca, é aconselhável levar um corta vento, chapéu de chuva e uns sapatos mais fechados. Florença é uma cidade para descobrir a pé. Levar calçado confortável é imprescindível.
♦ Alojamento
Florença tem uma grande oferta de alojamento de todas as categorias e preços sendo que o ideal é ficar numa zona mais central para poder visitar a cidade a pé. Nós, já ficámos no Hotel Ambasciatori, situado mesmo em frente à estação central e posteriormente renovado, e no Hotel Pierre que, além de bom, tem uma localização privilegiada no centro de Florença.
♦ Comer
A comida em Florença, como em toda a Itália, na generalidade é muito boa. No entanto, nas praças centrais é muito cara e nem sempre é a melhor. Nas ruelas encontram-se bons restaurantes com preços mais acessíveis.
♦ Informações importantes
Consulte o nosso Guia de Viagem para a Itália onde encontrará indicações úteis sobre a entrada e permanência no país.
Adorei toda a descrição do vosso tour por Florença, bastante elucidativo ,obrigada.
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Ainda bem que gostou. Esperamos ter ajudado a esclarecer alguma dúvida. Se precisar de mais esclarecimentos, estamos ao dispor. Boas viagens.
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