No Noroeste de França, junto às praias da Normandia, trava-se diariamente uma luta entre o Homem e a Natureza. O Monte Tombe (o seu nome original), situa-se na foz do Rio Couesnon, a 85 metros acima do nível do mar. A história que o envolve assim como a sua resistência às marés, fazem deste lugar o terceiro mais procurado em França, visitado por 3.500.000 turistas anuais.

No ano de 708, Aubert, Bispo de Avranches, mandou construir um Santuário no alto do Monte Tombe, em honra de São Miguel Arcanjo. Conta-se que nesse ano o Anjo terá feito uma aparição ao Bispo e ter-lhe-à pedido que fosse construída no topo do rochedo, uma Capela em honra do Senhor.

A tarefa que parecia difícil, seria uma prova de Fé, mas em contrapartida, o local ganharia protecção Espiritual. O Bispo cumpriu a promessa feita ao Anjo e passou a chamar ao local Monte Saint-Michel.

A Capela depressa foi aumentada e passou a ser um Mosteiro porque os Monges Beneditinos começaram a fazer peregrinações ao local e precisavam de se abrigar temporariamente.

Com o passar dos anos, pelas encostas do rochedo foram nascendo outras construções, residências e estabelecimentos comerciais de apoio aos Monges que por ali foram ficando. Para proteger a cidadela medieval foram erguidas muralhas e torres fortificadas que mais tarde foram muito úteis para proteger o Monte Saint-Michel durante a Guerra dos 100 anos entre franceses e ingleses (1337 a 1453).

Desde o fim da guerra e até 1860, a Abadia do Monte Saint-Michel foi transformada numa prisão para os resistentes. Em 1922 os Monges Beneditinos retomaram o culto na Abadia e as peregrinações foram reiniciadas em 1966.

O que torna o Monte Saint-Michel tão especial, para além de ser uma encantadora cidadela medieval, é a sua localização. Este é o local do mundo onde se verificam maiores desníveis nas marés. A diferença entre a maré alta e baixa, pode chegar aos 15 metros. Em poucos minutos, este rochedo pode estar no meio de um areal imenso, a 10 Km de distância do mar, ou completamente cercado pelas águas do Oceano, apenas separado do continente por uma pequena estrada que pode ficar intransitável.

Pequenos passeios a pé ou a cavalo podem ser feitos pelo areal durante a maré baixa, mas não se aventure a fazer isso sozinho. Há zonas de areias movediças e apenas os guias locais conhecem os melhores sítios para passar e os horários das marés.

No escritório da Administração, na entrada da cidadela, pode contratar este serviço. Por norma os guias reúnem grupos de, mais ou menos, 10 pessoas. Para este passeio pode precisar de galochas se não se quiser molhar.

Para visitar o Monte Saint-Michel não precisa pagar, mas prepare-se para subir muito e muitas escadas. Os Monges não conheciam elevadores!

Logo ao entrar percebe-se que estamos dentro de um labirinto medieval. Esqueça o que está lá fora e parta à descoberta destas ruas estreitas, calçadas de pedra, corredores, portais, passagens escuras, pátios, enfim, pormenores que fazem deste local algo único e mítico.


Por aqui encontra várias lojas que vendem souvenirs e produtos típicos da zona. Aqui também abundam restaurantes, com decoração fiel à época. Há também alguns pequenos hotéis que estão sempre com a lotação esgotada, nalguns casos de um ano para o outro.


Ao iniciarmos a subida para a Abadia, passamos pela Porta do Boulevard e pela Porta do Rei e vamos observando os muros e as torres de protecção, com vista para a baía e para a Tombelaine, uma ilhota mais pequena, com apenas 45 metros de altura, que faz companhia ao Monte Saint-Michel.


Ao chegar ao cimo, tem que pagar 9€ para visitar o complexo do Mosteiro. Depara-se então com a imponente torre da Abadia que tem na ponta da sua agulha, uma escultura do Anjo São Miguel, que fica a 170 metros acima do nível do solo.


Quando chegamos ao seu interior damos de caras com uma beleza estonteante. O Bispo não deixou os seus créditos por mãos alheias e mandou fazer uma construção que fizesse justiça à promessa.

Mas se pensa que chega aqui ao topo e já viu tudo, desengane-se. A Abadia é apenas uma das belezas do Mosteiro. Salões, colunas, o refeitório dos Monges, claustros e jardins, ou a Sala dos Cavaleiros onde os Monges estudavam, são locais onde o tempo parou e que tem que percorrer.

Aqui sente-se o verdadeiro clima de Época e a forma como decorria o dia-a-dia destes Monges. Saiba que, se pretender fazer aqui um retiro de alguns dias, pode fazê-lo. Os Monges recebem-no, bastando apenas entrar em contacto com o Mosteiro e fazer uma reserva.


A descida faz-se pelo caminho de ronda que contorna a cidadela onde podemos obter vistas de vários planos diferentes, do extenso areal.

Aprecie a arquitectura destas lindas casinhas onde apenas vivem em permanência, pouco mais de 100 pessoas. A partir do século XIX, alguns pintores começaram a aparecer aqui, fascinados com o local e Guy de Moupassant foi um visitante assíduo que procurava aqui inspiração para a sua escrita.

As opções para chegar até aqui são as seguintes: ou vai de carro ou então faz a viagem de avião até Paris e em seguida apanha o TGV para Rennes que contempla ligação imediata com um autocarro para o Monte Saint Michel.

Se não está alojado em Paris, pode fazê-lo em Rennes ou Saint-Malo que são as cidades mais próximas do Monte Saint-Michel, a aproximadamente 60 Km e que têm ligações em autocarro expresso.

O Monte Saint-Michel, Património Mundial da UNESCO desde 1979, não é só um local de Fé. É também um bocadinho da Europa Medieval que sobreviveu.
♥ Boa viagem ♥
Lugar magnifico, mais um lugar a juntar à vasta lista de lugares a conhecer em França. Magnifico
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É na verdade um lugar que recomendamos vivamente. Obrigada pelo comentário e boas viagens.
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Magnífico mesmo! Se for, não hesite e faça mais uns quilómetros para visitar St. Malo. É lindo!
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