Sempre tivemos vontade de conhecer os países do Norte da Europa e, quando a oportunidade surgiu, lá fomos nós. Riga é a capital da Letónia e a maior cidade dos países bálticos. Este destino, praticamente desconhecido até há bem pouco tempo, transformou-se numa capital bonita, dinâmica e muito

procurada pelos turistas que buscam conhecer a sua história e vieram animar a sua vida noturna.

Para percebermos melhor esta transformação, é preciso recuar ao passado da Letónia. Em 1201, tribos bálticas ali se instalaram e fundaram Riga para a usarem como posto comercial. O sossego acabou quando os alemães tomaram conta do país e o fizeram prosperar, mas à custa de escravizarem os letões!

Durante séculos, as guerras sucederam-se entre alemães, suecos, polacos e lituanos pois todos queriam o mesmo território. Em 1710, a Rússia apoderou-se daquelas terras que, durante a Primeira Guerra Mundial, serviram de campo de batalha entre russos e alemães causando grande mal ao país! Em 1918 os letões conseguiram a sua independência, mas perderam-na de novo para os soviéticos em 1940. Foi um período difícil em que o comunismo impôs grande repressão.

Finalmente, em 1991, a Letónia recuperou a sua independência e, graças à sua determinação para “renascer das cinzas”, conseguiu tornar-se membro da União Europeia em 2004 e tenta agora apagar a sua imagem soviética.

Vamos então passear pelo Centro Histórico de Riga, que é Património Mundial da UNESCO desde 1997. Começámos por dar um passeio pela Rua Alberto (Alberta Iela) e arredores, onde existe uma grande concentração de edifícios Art Nouveau, cujos pormenores arquitetónicos vale a pena observar. De notar que Riga é a cidade com maior concentração de arquitetura Art Nouveau do mundo, sendo um terço dos seus imóveis construídos bom base neste estilo.

Continuando a caminhar, depressa chegámos à Praça da Catedral, cheia de esplanadas e onde se realizam vários mercados de rua incluindo o mercado de Natal. A Catedral de Riga é a maior igreja medieval dos países bálticos e foi construída em 1211.

O seu espetacular órgão, inaugurado em 1884, tem sete mil tubos sendo o terceiro maior órgão tubular do mundo. A catedral está aberta todos os dias entre as 10h e as 17h e a entrada custa 5€ para visitar a igreja ou 10€ se também pretender subir à torre vencendo os seus 217 degraus. Durante as missas a entrada é gratuita.

No caminho passámos pelas casas dos “Três Irmãos” assim chamadas por terem sido construídas por três homens da mesma família. São os imóveis mais antigos da cidade e foram construídos entre os séculos XV e XVIII. Atualmente, funciona aqui o Museu de Arquitetura e o Departamento de Inspeção e Proteção do Património.

A Porta Sueca foi construída em 1698 e fez parte do sistema defensivo de Riga, dando acesso aos quartéis fora das muralhas. Os muros medievais foram retirados no século XIX para dar lugar a parques e avenidas.

Das 18 torres que faziam a defesa da cidade ficou apenas uma, a Torre da Pólvora construída em 1330, onde agora está instalado o Museu de Guerra Letão. A entrada é gratuita e pode visitá-lo todos os dias entre as 10h e as 18h. No Inverno encerra às 17h.

Dá gosto passear sem destino pelo centro histórico da capital onde, em cada esquina, há algo para descobrir. A Casa do Gato, construída em 1909, é muito conhecida por aqui. Diz-se que o seu proprietário não terá sido aceite na Congregação de Mercadores que fica aqui perto e, por essa razão, terá colocado estátuas dos gatinhos eriçados no telhado. É preciso dizer que os letões têm grande estima por gatos pretos.

Um pouco adiante fica a Praça Laukums onde se realizam concertos no Verão e tem pista de patinagem no Inverno. Aqui se encontram os edifícios da Pequena e Grande Guilda, construídos no século XIX, cujas organizações congregavam os membros mais ricos do comércio local. Hoje em dia, está aqui instalada a sala de concertos da Orquestra Sinfónica Nacional da Letónia.

A Praça da Prefeitura é dominada pelo prédio mais fotografado da cidade, a Casa dos Cabeças Negras que eram comerciantes jovens e solteiros conhecidos pelo seu temperamento próprio da idade. Aqui se reuniam e fizeram deste local o centro cultural da cidade. Agora funciona como centro de conferências e recebe outros eventos importantes. O seu interior pode ser visitado todos os dias das 10h às 17h. O ingresso tem o preço de 7€ e é gratuito para pessoas com deficiência e um acompanhante.

Ao lado da igreja de São Pedro, uma das mais antigas da cidade construída em 1209, fica a famosa escultura dos “Músicos de Bremen” onde figuram um burro, um cão, um gato e um galo, inspirada num conto dos irmãos Grimm e que aqui pretende ser uma crítica ao governo russo.

A Catedral Ortodoxa de Riga é um dos edifícios mais vistosos da cidade. Foi construída entre 1876 e 1884 e foi alvo de profunda reconstrução depois da ocupação soviética.

Gostamos de dar uma volta pelos mercados pois é aí que tomamos contacto com o modo de vida de cada povo e, como já adivinharam, fomos ao Mercado Central de Riga. Os seus cinco pavilhões foram construídos no início do século XX para serem hangares. Atualmente, este é um dos maiores mercados da Europa onde se vende todo o tipo de produtos. Nas ruas que separam os pavilhões também há bancas de venda. Está aberto todos os dias das 7h30 às 18h.

Ao lado do mercado fica a Academia de Ciências da Letónia, um edifício imponente construído em meados do século XX com 65 metros de altura. A sua construção, de estilo soviético, sempre gerou controvérsia entre a população por fazer lembrar esse período negro da sua história. É possível subir ao 17º andar para desfrutar de uma bonita vista sobre a cidade e o Rio Daugava que é o maior do país e desagua no Golfo de Riga. O ingresso custa 6€ e pode fazê-lo todos os dias entre as 10h e as 22h.

O Monumento da Liberdade é um memorial construído em 1935 para homenagear os soldados mortos durante a Guerra da Independência da Letónia. Tem 42 metros de altura e é o ponto das cerimónias públicas oficiais em Riga.

Por aqui corre o Canal de Riga que se estende ao longo do bonito Parque Bastejkalna. Fizemos um passeio de barco muito relaxante através desta paisagem verdejante e das suas águas calmas. Estes passeios, com a duração de uma hora, estão disponíveis todos os dias das 10h às 19h e têm o custo de 15€/pessoa.

Se gosta de praia e quiser ir “molhar o pezinho”, vá até Jurmala que fica apenas a 10Km de Riga. É uma estância balnear muito conhecida na Letónia com praias de Bandeira Azul viradas para o Golfo de Riga e água quentinha. Para aqui chegar, há transportes públicos a partir da capital cujo percurso demora aproximadamente 30 minutos.

Temos consciência que Riga não está no topo da lista dos destinos de viagem mas, depois de lá termos ido, dizemos-lhe que vale a pena dar uma oportunidade a esta capital europeia porque… até é capaz de se surpreender!

♥ Boa viagem ♥

Guia prático

♦ Quando ir

Riga é um destino para todas as estações do ano, embora a cidade sofra várias oscilações de temperatura que resultam em Invernos com muita neve e temperaturas que atingem frequentemente os -9ºC. No Verão pode chover mas as temperaturas facilmente chegam aos 30ºC. As noites podem ser frescas.

♦ Como ir 

A Air Baltic faz voos diretos de Lisboa para Riga. Outras companhias aéreas fazem a ligação entre estas duas cidades, com escala em diferentes aeroportos da Europa.

♦ O que vestir

Durante o Inverno todos os agasalhos são bem vindos porque o frio é muito. O calçado deve ser resistente e antiderrapante por causa da neve. Durante o Verão é bom ter a jeito um chapéu de chuva e um agasalho para a noite.

♦ Alojamento

A cidade tem uma grande oferta de alojamentos para todos os gostos e bolsas. Nós ficámos alojadas no Hotel Radisson Blu Latvia, perto dos maiores pontos de interesse turístico. O quarto era confortável, a vista era soberba e o pequeno almoço e jantar buffet foram de excelente qualidade.

♦ Informações importantes

Visite o nosso Guia de viagem para a Letónia onde encontrará indicações úteis sobre a entrada e permanência no país.