Quando se está em Lisboa e se pensa quais os museus a visitar, a tarefa revela-se difícil pois a capital de Portugal é pródiga em museus de qualidade e com temas muito diversificados. O Museu Nacional dos Coches, situado em Belém, exibe a mais importante colecção de carruagens reais do mundo. Sem querer ser exaustiva, faz sentido falar sobre este museu acompanhando um pouco da História de Portugal e de como a corte resolvia os seus problemas de locomoção.

É a Rainha D. Amélia que tem a iniciativa (muito contra a vontade do Rei D. Carlos I seu marido) de reunir num só espaço e mostrar ao povo a importante colecção de viaturas da Casa Real. É então restaurado o Picadeiro Real para receber o primeiro museu de coches do mundo. A sua inauguração dá-se a 23 de Maio de 1905 e é um acontecimento com grande sucesso.



O Museu dos Coches Reaes como foi primeiramente chamado, muda de nome aquando da Implantação da República. Nessa altura, em 1910, foram recolhidas várias viaturas que se encontravam espalhadas pelos diversos palácios e igrejas aumentando assim consideravelmente a colecção, tendo sido necessário fazer obras de ampliação depois das quais o museu passou a ser Museu Nacional dos Coches.


Em 2015 foi inaugurado, em frente ao Picadeiro Real, um novo edifício com um espaço mais amplo que permite agora que o visitante observe os belos pormenores dos coches de todos os ângulos, coisa que era impossível fazer anteriormente.

Uma curiosidade: o primeiro modelo de coche foi fabricado em Kotze, uma pequena localidade na Hungria e daí derivou o nome “coche”. A primeira exportação foi para Itália, tendo sido depois estendida a toda a Europa.


São 9000 as peças em exposição de entre as quais se destacam os artísticos coches, berlindas carruagens, liteiras, cadeirinhas, carrinhos de passeio de crianças, mala-postas, uniformes, armas, arreios equestres, acessórios, enfim um sem número de objectos ligados à época entre os séculos XVI e XIX.




Todos eles são acompanhados com quadros que descrevem a sua origem, qual a finalidade para a qual foram construídos e a quem pertenciam. Nas paredes, propositadamente brancas, são projectadas imagens multimédia que mostram os membros da corte usando os veículos nas diferentes ocasiões.




Além da colecção permanente, neste novo edifício estão contempladas áreas para arquivos, biblioteca, auditório para actividades culturais e oficina de restauro onde podem trabalhar simultaneamente 20 pessoas.


As exposições temporárias também têm um lugar de destaque. Quando aqui nos deslocamos estavam patentes ao público duas exposições de pintura, uma sobre os Reis e Rainhas de Portugal do pintor Norberto Nunes e a outra baseada nas deslocações do primeiro automóvel em Portugal do pintor D’Assis Cordeiro.



Havia também uma interessante mostra da arte do modelismo de coches em miniatura da autoria de José Carlos Brito. Numa outra sala pudemos ainda tomar contacto com as esculturas em vidro do artista romeno Ioan Nemtoi.


O Museu Nacional dos Coches proporciona um incrível regresso ao passado, fornecendo a cronologia perfeita que nos permite acompanhar a evolução do transporte de pessoas ao longo dos séculos e as melhorias implantadas no sentido de tornar as deslocações mais confortáveis… um autêntico passeio no tempo!

Foram realizados vários cortejos em Lisboa com as carruagens que a nova burguesia rica gostava de exibir para se afirmar na sociedade. Em 1957 assistiu-se ao último grande cortejo na cidade por ocasião da visita da Rainha Isabel II a Portugal.

A passagem por este museu fica mais completa com a deslocação aos dois edifícios referenciados (museu e picadeiro). O Museu Nacional dos Coches encontra-se aberto de terça-feira a domingo entre as 10h e as 18 horas. O Picadeiro Real encerra para o almoço entre as 12h30 e as 14 horas. O ingresso para a visita completa custa 10€ mas se apenas quiser ficar pelo edifício principal paga 8€.


Venha ver como os nossos antepassados se deslocavam e de que forma, a certa altura, os cavalos… saltaram para o motor!…


♥ Boa viagem ♥