Campo de Concentração de Dachau – a escola da maldade

Adolf Hitler ficou mundialmente famoso pelas piores razões. Além de ter sido um dos mais poderosos ditadores do século XX, foi ainda o principal instigador da Segunda Guerra Mundial na Europa e a figura principal do Holocausto! Logo após a sua ascensão ao poder, sentiu necessidade de aprisionar todos os que se mostravam contra os seus ideais políticos e assim, apenas 2 meses depois da sua eleição, manda construir o que viria a ser o primeiro de vários campos de concentração e extermínio.

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Quadro com a localização dos campos de concentração na Europa

A pequena cidade de Dachau, a 30 Km de Munique no Sul da Alemanha, foi a escolhida para instalar o Campo de Concentração de Dachau no local onde antes tinha funcionado uma antiga fábrica de pólvora. A sua abertura decorre em Março de 1933.

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À direita, o edifício dos escritórios dos comandantes dos vários sectores do campo. À esquerda, o que resta da linha do comboio que levava os prisioneiros para o campo
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Marca que assinala o local onde existiu o edifício do departamento político

Este campo, por ser o primeiro, foi usado como modelo para a construção dos que se lhe seguiram e serviu também de escola para os seus comandantes como foi o caso de Rudolf Hoss, comandante de Auschwitz que aqui fez a sua “formação”.

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A vala de segurança que rodeava o campo. O arame farpado era electrificado. Mesmo assim, do outro lado havia outra vala com água.
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O esquema das valas de segurança

Inicialmente criado para prisão de presos políticos sujeitos a trabalhos forçados, depressa o campo começou a receber também homossexuais, judeus, ciganos e elementos de outras etnias que começaram a ser alvo crescente de perseguição.

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Uma das muitas torres de vigia do campo
SIMBOLOS
Os prisioneiros eram identificados com símbolos que determinavam a sua origem social e a razão da sua captura

Foram construídos 36 barracões para receber 6000 prisioneiros, mas no auge da sua lotação chegaram a abrigar 30 mil pessoas! Hoje apenas dois dos barracões estão de pé com réplicas dos beliches onde todos literalmente se amontoavam. Ao longo desta visita encontramos vários painéis informativos que contam detalhadamente o que aqui se passava.

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Os beliches onde tentavam descansar…
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Foto da época que retrata as condições das instalações

Os prisioneiros eram para aqui trazidos em comboios ou carroças. Entravam pelo Jourhaus, o portão de ferro onde se lia “ o trabalho liberta” e que fazia parte do edifício de escritórios da SS, abreviatura da organização militar Schutztaffel ligada ao partido nazista de Hitler.

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O Jourhaus com a inscrição que figurava em todos os portões de todos os campos, por onde só se entrava…

Nas salas de admissão eram interrogados, fotografados e desprovidos de todos os seus bens pessoais, incluindo as roupas. Era também aqui que eram escolhidos os que tinham melhores condições para trabalhar. Os outros “tinham os dias contados”!

REGISTOS
A sala de admissão
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Fotos e documentos de registo de entrada

Depois eram encaminhados para o banho, as cabeças eram rapadas e davam-lhes os célebres fatos às riscas. Voltavam aqui uma vez por semana ou menos para se banharem. Esta era a hora dos assédios! Por volta de 1940 começaram a praticar-se enforcamentos nos balneários, para servir de “exemplo” aos que assistiam!

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Hora da contagem na praça de chamada
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Aqui dentro era o local dos banhos comuns

No pátio onde todos se perfilavam para as duas contagens diárias, estão agora monumentos de homenagem aos que aqui perderam a vida. Em 1934 são assassinados os primeiros 21 presos políticos e depois disso começa a ascensão do terror no acampamento.

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Memorial Internacional criado pelo sobrevivente Nandor Glid, onde se pode ler em várias línguas: “Que o exemplo daqueles que aqui foram exterminados entre 1933 e 1945 por causa da sua luta contra o Nacional Socialismo una os vivos em defesa da paz e da liberdade e em reverência à dignidade humana”.
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O outro lado do monumento criado  por Nandor Glid e que representa os esqueletos humanos presos no arame farpado

Em 1938 o campo é ampliado graças aos trabalhos forçados dos prisioneiros, que agora já ali permaneciam em condições desumanas. As punições eram frequentes e assumiam várias formas. Lá fora havia um poste onde um preso permanecia amarrado durante longos períodos de tempo, independentemente das condições climatéricas.

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Local onde existia o poste dos castigos e por vezes enforcamentos

Uma exposição com várias fotos, documentos da época e objectos pessoais dos que passaram por aqui, está patente no museu instalado no antigo edifício da manutenção. Nas traseiras estavam os bunkers que serviam para manter aprisionados os mais rebeldes e expô-los a castigos mais duros, fora do alcance dos seus companheiros.

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A entrada do Museu do Memorial
PUBLICAÇÕES
Publicações da época que desafiavam o regime
ROTINAS
Painéis informativos sobre as rotinas diárias no campo
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Os utensílios a que cada um tinha direito
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Ao fundo, o bunker para onde eram levados os prisioneiros mais rebeldes

A estrada do acampamento é o eixo principal do complexo. De um lado e do outro erguiam-se os pavilhões mas actualmente apenas existem dois para as visitas e as marcações de onde eram as posições de todos os outros.

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A avenida central do campo
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Foto da época que mostra o alinhamento dos barracões
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Os números dos pavilhões continuam no mesmo sítio

Os primeiros estavam destinados às enfermarias onde eram prestados cuidados de saúde muito rudimentares e onde foram também feitas muitas experiências com reclusos, levadas a cabo por médicos sem escrúpulos! Outros pavilhões albergavam uma cantina, uma pequena biblioteca e uma oficina de armamento. O 3º pavilhão era o mais temido. Todos sabiam que era ali o “reino” do Dr. Rascher, o médico-chefe.

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Um dos dois pavilhões que foram mantidos para as visitas
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Instalações sanitárias
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As instalações eram insuficientes e os prisioneiros amontoavam-se para as usar e apenas lhes eram permitidos alguns minutos para o fazer

Ao fundo do campo estão os crematórios que trabalhavam de dia e de noite. Depois de rebentar a Segunda Guerra Mundial a sua capacidade já não era suficiente para queimar tantos corpos. Então, alguns prisioneiros eram levados para o lindo bosque que existe nas traseiras, convencidos que estavam a ser premiados com um passeio. Eram, de seguida, fuzilados e colocados numa vala comum.

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O edifício do crematório
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A câmara de gás onde entravam 150 pessoas de cada vez pensando que iam tomar duche. A morte chegava em 20 minutos.
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Cada um destes fornos cremava três corpos de cada vez

No início de 1945, com o aproximar do fim da guerra e perante a rendição eminente, Hitler e Eva Braun, a sua amante de longa data com quem se tinha casado horas antes, terão cometido suicídio para não serem capturados, mas os registos históricos levantam dúvidas quanto a estes factos.

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O antigo crematório que ao fim de um ano de existência começou a revelar-se insuficiente

A 29 de Abril de 1945, o exército dos Estados Unidos foi encarregue de libertar este campo. A primeira coisa que os soldados viram foi um comboio com 39 carruagens que continham centenas de corpos empilhados. Revoltados, os soldados resolveram não fazer prisioneiros e executaram todos os SS que encontraram! A situação de revolta foi controlada poucos minutos depois. Na altura da libertação encontravam-se 32.000 prisioneiros no campo.

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Na entrada do campo encontram-se várias placas de homenagem ao exército de libertação

Alguns memoriais religiosos foram erguidos depois dessa data. A Capela da Agonia Mortal de Cristo foi o primeiro a ser erigido em 1960 por iniciativa do ex-prisioneiro Johannes Neuhäusler que mais tarde se viria a tornar bispo auxiliar de Munique. Outros se lhe seguiram como o Convento Carmelita em 1964, o Memorial Judaico e a Igreja Protestante da Reconciliação em 1967 e a Capela Russa-Ortodoxa em 1995.

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A Igreja Protestante da Reconciliação
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A Capela da Agonia Mortal de Cristo

Dachau é célebre por ter sido o primeiro e um dos maiores campos de concentração construídos no regime hitleriano com uma área equivalente a 45 campos de futebol. Passaram por aqui mais de 200.000 presos. Nos seus registos consta a morte de cerca de 40.000 pessoas mas dizem os historiadores, com base em testemunhos de sobreviventes, que o número pode ter sido muito maior!

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Memorial “O Prisioneiro Desconhecido”. No pedestal pode ler-se: “Para honrar a morte e para avisar os vivos”
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Na pequena urna branca estão as cinzas do prisioneiro desconhecido e uma inscrição que diz “Nunca mais”

A visita ao Campo de Concentração e Memorial de Dachau pode ser feita todos os dias entre as 9h e as 17h e é gratuita. É cobrada uma taxa de 4€ para quem pretender um audioguia que está disponível em várias línguas incluindo o português. O espaço é dotado de cafetaria, livraria onde pode adquirir vários artigos relacionados com a História do local e WC. Para aqui chegar pode usar os comboios ou autocarros que partem de vários pontos da cidade de Munique e cujo trajecto dura aproximadamente 20 minutos.

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Área onde estão concentrados os serviços de apoio aos visitantes

Claro que esta visita provoca tristes sensações e desperta sentimentos de revolta. Não é fácil caminhar por lugares onde foram cometidas tantas atrocidades. Contudo, acreditamos que tanto Dachau como Auschwitz e Birkenau devem ser visitados como forma de homenagear todos os que aqui sucumbiram. “Lembrar para não deixar que se repita”…

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Muitos prisioneiros cometeram suicídio atirando-se contra a vedação electrificada…

♥ Boa viagem ♥

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