História, cultura, monumentos, gastronomia, festas e romarias, património paisagístico, casas senhoriais… tudo isto e muito mais, são motivos de sobra para visitar Viana do Castelo. Diz a lenda que neste território
havia um grande castelo de pedra onde vivia a linda, mas muito tímida, princesa Ana. Escondia-se dos olhares das pessoas que por ali passavam, mas um dia apaixonou-se por um rapaz que vivia do outro lado do rio, e ele por ela! Quando a princesa se deixava ver ele ficava muito contente e quando voltava para a outra margem, gritava: “VI A ANA DO CASTELO”. Tantas vezes ele disse esta frase que a localidade adotou o nome de Viana do Castelo.



Mas, voltando à realidade, esta bonita cidade que cresceu ao longo das margens do Rio Lima, fica apenas a 70km do Porto e a 25km da fronteira espanhola. Foi no século XIX, durante o reinado de D. Maria II de Portugal que foi construída a Linha do Minho que levou o comboio a Viana do Castelo resultando num aumento significativo do desenvolvimento da região.


No início do século XX a cidade tornou-se num dos principais portos portugueses da pesca do bacalhau. Por essa razão, começámos por ir fazer uma visita ao Navio Gil Eanes mas antes de lá chegarmos, passámos pelo Jardim da Marginal construído em 1881, onde estava patente uma exposição temporária de fotografias, que nos surpreendeu e deixou encantadas.


Ao fundo do jardim ergue-se a Estátua de Viana, um dos ex-libris da cidade, simbolizada por uma figura feminina segurando uma caravela. Esta estátua, construída no século XVIII, está ainda rodeada por 4 bustos que simbolizam os 4 cantos do mundo numa alusão à tradição marítima e mercantil dos habitantes da cidade.

Por cima do jardim e da marina passa a Ponte Eiffel, uma estrutura ferro-rodoviária que assume grande importância na ligação das freguesias das duas margens do Rio Lima e que foi projetada pelo conhecido engenheiro francês e inaugurada em 1878.

O Navio-Hospital Gil Eannes é de visita obrigatória para quem passa por esta cidade. Foi construído em 1955 para apoiar a frota portuguesa da pesca do bacalhau que operava na Terra Nova e na Gronelândia. Quando a frota foi desativada, o navio foi votado ao abandono até que em 1998 foi restaurado e aberto ao público como museu. O navio pode ser visitado todos os dias da semana entre as 10h e as 18h. O bilhete tem um custo de 4,50€ e a entrada é gratuita até aos 6 anos.


Um pouco à frente fica o Forte de Santiago da Barra cuja função era proteger a navegação na barra do Rio Lima. No século XV este já era um dos portos mais importantes do país e foram então construídas as muralhas.



Em 1502, o Rei D. Manuel I manda erguer a Torre da Roqueta para consolidar a defesa. Ao longo dos reinados posteriores, o forte foi sendo alvo de obras de remodelação para se conseguir garantir a máxima segurança do porto, que era cada vez mais requisitado para transações comerciais com o resto da Europa. Por aqui saía o Vinho do Porto que era vendido para a Rússia, Suécia, Inglaterra ou Itália. O forte pode ser visitado de segunda-feira a sexta-feira entre as 9h e as 18h.



Ali perto fica a Igreja da Senhora da Agonia, uma magnífica construção barroca do século XVIII, localizada no final da Via Sacra onde decorre anualmente a Romaria da Senhora da Agonia, a maior festa de Portugal. A devoção à Santa começa em 1751 e tomou tais proporções que, hoje em dia, leva a Viana do Castelo milhares de pessoas que se deslocam de todo o país e estrangeiro.


O ponto alto das festas é o cortejo no dia 20 de Agosto (feriado municipal) onde as Mordomas desfilam com os seus trajes e exibem os seus dotes em peças de ouro e filigrana de valor incalculável! A cidade fica engalanada com lindos tapetes de flores e a Procissão ao Mar é magnífica e comovente. As festas encerram com um grandioso fogo de artifício que é lançado de um triângulo formado pela Ponte Eiffel, o Forte de Santiago e o Monte de Santa Luzia.


Para melhor compreender o contexto da festa, fomos visitar o Museu do Traje de Viana do Castelo na Praça da República, em pleno Centro Histórico. O edifício, construído em 1954, alberga desde 1997 o interessante museu que exibe uma mostra de toda a criatividade na confeção dos trajes para as diferentes ocasiões. Também as joias em ouro e prata podem aqui ser apreciadas. Várias exposições temporárias têm aqui lugar assim como ações educativas. O museu está aberto todos os dias das 10h às 13h e das 15h às 18h. O ingresso custa 2€ e estudantes e séniores pagam 1€.


Estamos, então, no Centro Histórico da cidade, a sala de visitas onde se sente o pulsar do comércio uma vez que aqui se encontram representadas as mais prestigiadas marcas nacionais e internacionais e as imprescindíveis lojas de souvenirs. Restaurantes e esplanadas abundam nesta área e foi aqui que almoçámos um delicioso prato de bacalhau à minhota e uma sobremesa de ir ao céu e voltar!


Mas foram os edifícios históricos que retiveram a nossa atenção. Imponente, no centro da Praça da República está o chafariz construído em 1559 e que, durante vários séculos, abasteceu de água potável a população vianense.

O edifício dos antigos Paços do Concelho foi construído no início do século XVI. Os vereadores reuniam no andar superior e por baixo das arcadas do piso térreo abrigavam-se os funcionários que redigiam requerimentos e outros documentos, para os iletrados que deles necessitavam. Atualmente este é um espaço cultural ao serviço da cidade.


A propriedade da Santa Casa da Misericórdia (antigo hospital) e a igreja datam do século XVI e a sua construção tem influências italianas e flamengas. A igreja tem uma grande riqueza em talha dourada e conta com mais de 16000 azulejos no seu revestimento. É um dos melhores exemplares do estilo barroco no nosso país.


Poucos passos adiante encontramos a Igreja Matriz, construída em estilo gótico no início do século XV. O seu requintado interior é composto por três naves e várias capelas. Nos séculos XVII e XIX a igreja foi atingida por dois violentos incêndios que causaram estragos irreparáveis. Mais tarde sofreu obras de restauro e em 1977 foi elevada a Sé Catedral por deliberação do Papa Paulo VI.


A Igreja de Santa Cruz do Convento de S. Domingos tem uma importância marcante para os vianenses. Construída em meados do século XVI a Igreja de S. Domingos, como é mais conhecida, fica na praça com o mesmo nome e é fiel depositária do túmulo do seu fundador, o Frei Bartolomeu dos Mártires, falecido nesta cidade e reconhecido pela sua vincada dedicação à igreja católica e aos doentes e desfavorecidos. Foi canonizado por ordem do Papa Francisco em Novembro de 2019.




São muitas as igrejas, capelas, palacetes e casas senhoriais que encontramos enquanto vagueamos pelas ruas de Viana do Castelo e todas elas nos fazem parar para registar em mais uma foto, a beleza da sua arquitetura. Umas são habitadas, outras nem por isso, algumas estão recuperadas, outras pedem restauro, mas todas juntas enaltecem o carácter de uma cidade que pretende ser cosmopolita sem esquecer as suas origens.



Mas… acham que já acabamos a visita? Nem pensem nisso! Falta “a cereja no topo do bolo” que é como quem diz, no topo do Monte de Santa Luzia. Vamos lá então subir ao Santuário que, lá do alto, abraça e abençoa a cidade e o Rio Lima.

E para subir, nada melhor do que usar o Elevador de Santa Luzia que fica quase em frente à estação ferroviária. Inaugurado em 1923, o mais longo funicular do país percorre uma distância de 650 metros com 160 metros de desnível, oferecendo uma espetacular perspetiva da cidade à medida que se desloca.

Na volta, se quiser uma experiência diferente, desça o Escadório: são 659 degraus!!! O Elevador funciona com o seguinte horário: Janeiro, Fevereiro, Novembro e Dezembro: encerra à segunda-feira. Aberto de terça-feira a sexta-feira das 10h às 12h e das 13h às 17h; sábado e domingo das 10h às 17h. Março, Abril, Maio e Outubro: aberto de segunda-feira a sexta-feira das 10h às 12h e das 13h às 17h; sábado e domingo das 9h às 18h. Junho, Julho, Agosto e Setembro: aberto de segunda-feira a domingo, das 9h às 20h. Uma viagem custa 2€ ou 3€/ida e volta.

À chegada somos brindados com a visão do monumental templo de Santa Luzia, de uma beleza ímpar e uma arquitetura sublime. A construção do Santuário dedicado ao Sagrado Coração de Jesus decorreu entre 1904 e 1959. A obra em estilo gótico e neo-romântico pode ser avistada a vários quilómetros de distância. Os vitrais, os mármores ou os frescos são de enorme beleza.


A subida ao Zimbório fica na memória visual de quem passa pela experiência, já que a vista de 360 graus sobre toda a região está classificada como uma das melhores do mundo!

Depois de 2 dias em Viana, estava na hora de dizer adeus, não sem antes referir que ficámos alojadas no Hotel Axis Viana (um pouco desviado do centro), com uma arquitetura inovadora, quartos espaçosos, bom atendimento e pequeno almoço e também com estacionamento gratuito.

Falta apenas lembrar que a cidade mereceu a homenagem de Pedro Homem de Mello, o poeta que escreveu o fado que foi um dos muitos sucessos da grande Amália Rodrigues que encantava, cantando: – Se o meu sangue não me engana, havemos de ir a Viana…

♥ Boa viagem ♥
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